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domingo, 2 de agosto de 2009

PMDB pede para dissidentes deixarem partido 'o quanto antes'

O presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP), mandou um recado para os dissidentes do partido neste domingo. Em nota publicada no site da legenda e assinada também pela presidente em exercício, Íris de Araújo (GO), o dirigente afirmou que os dissidentes podem deixar a legenda "o quanto antes" e que não correrão risco de perderem o mandato.

A nota não cita nomes, mas é um recado para os senadores Jarbas Vasconcellos (PE) e Pedro Simon (RS).

No final de fevereiro, Jarbas Vasconcellos denunciou a existência de corrupção dentro do PMDB ao afirmar, em entrevista à revista "Veja", que "boa parte do partido quer mesmo é corrupção". Na época, ele também classificou como um "completo retrocesso" a escolha de José Sarney (PMDB-AP) para presidir o Senado.

Já Pedro Simon, subiu à tribuna do Senado no fim de junho para defender o afastamento de Sarney e disse que a situação do presidente da Casa era insustentável.

Para o presidente da Câmara, a saída dos dissidentes deixaria o partido mais forte. "Ganharão eles, porque deixarão de pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o PMDB, por tornar-se ainda mais coeso e musculoso", diz a nota.

A nota também rebate reportagem da revista "Veja", publicada nesta semana, que diz que o PMDB encarna o paroxismo do fisiologismo da política brasileira.


Leia abaixo a íntegra da nota do PMDB.

PMDB responde à reportagem de VEJA

Brasília (02/08/2009) - Em sua última edição, a revista VEJA dedicou a capa e oito páginas de reportagem ao PMDB. O material jornalístico se perdeu em meio a afirmações pontuais que pecam, ora pelo exagero, ora pela desinformação. Com todo o respeito aos editores da prestigiosa publicação e aos seus leitores, o PMDB tem quatro principais reparos a fazer no material publicado:

1. O PMDB tem identidade e espinha dorsal bem definidas, ao contrário do que afirma a publicação. Seu compromisso com a liberdade democrática e com os avanços sociais são inarredáveis e públicos, ambos devidamente inscritos no programa partidário. O PMDB estava em linha com seu programa partidário quando apoiou a eleição de Tancredo Neves e o governo de José Sarney. Foi assim que o Brasil conquistou a democracia. O PMDB estava em linha com seu programa partidário quando apoiou o governo Itamar Franco, expoente do partido. Foi assim que o Brasil conquistou o Plano Real, um notável avanço social. O PMDB estava em linha com seu programa partidário quando apoiou o governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi assim que o Brasil iniciou o processo de estabilização econômica. E o PMDB está em linha uma vez mais com seu programa partidário ao apoiar o governo do presidente Lula,autor nada mais nada menos do que o maior projeto de distribuição de renda do mundo entre outras conquistas admiráveis no campo da estabilidade, da institucionalização nacional, e do respeito à democracia. Um partido deve ser cobrado quando lhe falta coerência. Não quando é, como o PMDB, co-responsável por transformações positivas e por avanços que só melhoram a qualidade de vida dos brasileiros menos favorecidos. O PMDB orgulha-se de suas opções e sabe que tem ajudado o Brasil no limite de suas forças. As críticas, quando justas, só nos ajudam a melhorar.

2. O PMDB é, há décadas, a base da governabilidade e não o paroxismo do fisiologismo como afirma a revista. Política se faz com alianças programáticas, como demonstrado no item anterior. Os cargos públicos são apenas conseqüência de ideais convergentes. Todo partido se orgulha dos quadros técnicos que possui. No caso do PMDB os bons quadros se acumulam em virtude de sua extensa experiência administrativa. Neste exato momento, o partido administra 1 201 prefeituras e nove governos estaduais. No Poder Legislativo, sua bancada conta com 8 500 vereadores, 172 deputados estaduais, 95 deputados federais e dezenove senadores. Natural que possua quadros para ajudar o governo do presidente Lula em áreas onde pode fazer a diferença.

3. É difícil pensar em algo mais injusto do que montar um quadro intitulado "O PMDB e seu bocado no governo federal", como fez a publicação. A simples listagem dos ministros do PMDB acompanhados das verbas públicas abrigadas em suas pastas dá a quem lê uma impressão equivocada. A arte deixa a sensação errada de que os seus titulares têm o poder de destinar verbas livremente. Nem o país institucionalizado como o Brasil, com poderes claramente construídos e atribuições bem definidas, sabe-se que a quase totalidade dos recursos federais é carimbada por computador. Sabe-se, ainda, que todos os investimentos realizados são resultado de licitações monitoradas pelo Tribunal de Contas da União. Uma consulta ao banco de dados do governo federal pode mostrar claramente como as verbas são alocadas. Nenhum ministro de Estado, seja do PMDB ou de qualquer outro partido toma decisões com a liberdade que a revista sugere no material publicado.

4. O PMDB se orgulha de não manter estrutura baseada em caciques apontado pela revista como defeito partidário. Caciques são a expressão do atraso. O PMDB se alimenta da força de seus dois milhões de filiados e no apoio de seus eleitores. Sem votos não haveria PMDB. No pleito de 2006, o partido obteve 16,8 milhões de votos para governador. Em 2008, foram 18,5 milhões de votos para prefeito. São números que falam por si. Se o PMDB estivesse no caminho errado, por que tantos eleitores prefeririam a agremiação? Sugerir que os eleitores do PMDB são menos informados do que os eleitores dos demais partidos é brincar com a inteligência das urnas. Sobre as divergências, é preciso frisar que são comuns em todos os partidos, até mesmo nas agremiações de pequeno porte. Diga-se de passagem, ocorrem inclusive em empresas privadas de qualquer tamanho, até nas familiares. O PMDB acata com humildade o descontentamento de alguns poucos integrantes que perderam espaço político e apostaram na fama efêmera oriunda de acusações vaias. E faz isso porque acredita piamente na democracia. A estes, o recado: podem deixar a legenda o quanto antes sem risco algum de perder o mandato. Ganharão eles, porque deixarão de pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o PMDB, por tornar-se ainda mais coeso e musculoso. O PMDB espera que tais reparos sejam recebidos como uma contribuição ao contraditório, próprio do bom jornalismo, e espera assim colaborar para elevar o debate em torno da qualidade da política brasileira

Deputado Michel Temer, presidente licenciado do PMDB
Deputada Iris de Araújo, presidente do PMDB
Brasília, DF
Fonte: Folha Online

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