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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ao lado do ex-adversário Requião, Osmar Dias explica incoerências

Inimigos políticos quatro anos atrás, os dois agora dizem estar juntos em nome de um projeto para o estado. Senador ainda afirma que, por “coerência”, não se aliou a Richa

Da água para o vinho, em apenas quatro anos. Assim foi a primeira entrevista coletiva de Osmar Dias como candidato oficial ao governo paranaense pela coligação PDT/PMDB/PT. Sentados lado a lado, o senador pedetista Osmar Dias e o ex-governador Roberto Requião (PMDB) tentaram justificar os motivos que os levaram a se transformar de adversários ferrenhos na disputa eleitoral de 2006 em aliados nas eleições deste ano.

Questionado por várias vezes se os eleitores entenderiam essa mudança, Osmar afirmou que os interesses do estado devem estar acima de quaisquer divergências pessoais e que, por ter estado ao lado de Requião em outras oportunidades, não haveria motivos para questionar essa reaproximação.

O ex-governador, hoje candidato ao Senado pela coligação, classificou a aliança como uma “unidade necessária” e garantiu que as divergências entre os dois “estão absolutamente superadas em nome do estado”.

Durante a entrevista, Osmar também teve de dar explicações a respeito de outra possível incoerência em seu comportamento político: disputar o governo contra o tucano Beto Richa após negociar uma aliança com o PSDB.

Osmar esteve muito perto de fechar com Richa, que seria o candidato ao Palácio Iguaçu tendo o pedetista como um dos nomes para o Senado na chapa. Osmar admitiu que, em determinados momentos, acreditou que não seria possível fechar uma aliança em torno dos partidos que compõem a base aliada do governo do presidente Lula. Por isso trabalhou com a hipótese de se aliar aos tucanos. Mas disse que, em nome da “coerência”, decidiu não apoiar “a candidatura adversária” de Richa, a quem apoiou na eleição municipal de 2008.

O pedetista declarou ainda que só tomou a decisão de se lançar candidato ao governo do estado quando recebeu a notícia de que seu irmão, o também senador Alvaro Dias (PSDB), não tinha mais chances de ser vice na chapa presidencial de José Serra. Quando Osmar anunciou que seria candidato, na terça-feira à noite, porém, Alvaro ainda garantia que seria o vice de Serra. A seguir, confira os principais trechos da entrevista de Osmar:

Aliança com Requião

“Todos nós entendemos que, acima de qualquer divergência pessoal ou política, está o interesse do Paraná. Minha candidatura não é um projeto pessoal, mas um projeto de estado para defender os interesses dos paranaenses. Como disse o Requião, se houve divergências – e elas ocorreram e foram públicas – também há uma história do passado que recomenda que possamos estar sentados lado a lado. Ao lado do Requião, por exemplo, trabalhamos pelo fim da multa do Banestado, logo após as últimas eleições. Por que ali não se cobrou nossa união? Se nós nos unimos pelo Paraná naquela oportunidade, o que pode impedir que a gente esteja unido novamente?”

Possível acordo com o PSDB

“A carta [em que pedimos autorização ao diretório nacional do PDT para nos coligarmos com o PSDB] foi apenas uma consulta do que seria possível fazer em termos de aliança, caso não se concretizasse a coligação que eu defendia. Quando pensei que não conseguiria a aliança desejada, cheguei mesmo a pensar em disputar o Senado. Mas a coerência me recomendou estar neste campo, com os partidos que formam a base do governo Lula. O PDT tem regras muito rigorosas feitas pelo [fundador do partido, Leonel] Brizola. E essas regras deixam muito claro que o PDT não pode se aliar com partidos que não estejam na base do governo Lula. Não posso me submeter à vontade dos outros, aos projetos que não dizem respeito aos interesses do Paraná. O que seria mais coerente da minha parte: ser candidato a governador atendendo a um apelo da população ou a senador cedendo apelos para construir um acordo branco e apoiar a candidatura adversária? Está na hora de acabar com essa história de que eleição tem de ser ganha no acordo. Eleição tem que ser disputada. Não é possível que um estado com 7,5 milhões de eleitores não tenha direito de ter alternativas de escolha. O que estou me propondo a fazer é exatamente ser essa alternativa, para que o Paraná possa optar entre projetos diferenciados.”

Alvaro na vice de Serra

“Nenhum de nós abriu mão da candidatura. Eu disse que não haveria uma disputa entre irmãos, mas fui convencido pela população de que não estávamos disputando o mesmo cargo, de que não haveria uma disputa direta. Eu também não posso admitir que queiram dizer que o Alvaro estava sendo escolhido para ser vice do Serra apenas para arrumar uma situação no Paraná. Eu creio que ele estava sendo cotado por causa das virtudes dele, que são muitas. Ele tem todas as condições de ser vice-presidente. Mas [o fato de isso não ter se concretizado] não tem nenhuma relação com o que aconteceu aqui no Paraná. Esperei até o último momento e, só quando recebi a comunicação de que não haveria mais possibilidade da manutenção do Alvaro como vice, é que eu me senti à vontade para tomar minha decisão.”

Apoio do Alvaro na eleição

“Claro que conto com apoio dele. Vou dizer uma coisa de forma definitiva sobre o Alvaro. Ele é meu irmão. Nós temos um afeto muito grande um pelo outro e a opinião que dão a respeito do meu relacionamento com ele é mais ou menos a que dão sobre a seleção brasileira: cada um tem a sua escalação. Vale mesmo o que existe entre mim e o Alvaro: somos irmãos e a nossa família é muito unida.” Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Euclides Lucas Garcia

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