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terça-feira, 24 de julho de 2012

Chamados para salgar a Terra e testemunhar – Por Luciano Brito


“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,  para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”  Mateus 5.16

É inegável que o Brasil tem experimentado um crescimento econômico saudável com a transferência de renda para os menos favorecidos e a melhoria de vida de muitas pessoas, mas este período de prosperidade não trouxe a erradicação de gravíssimos problemas sociais, a saúde pública continua precária; a segurança e o sistema de justiça carece de mais investimentos. O que falarmos sobre os investimentos em educação, ou seja, a lista é desafiadora, porém considero que o maior mal do Brasil é a corrupção.
Poderíamos nos perguntar. O que isto tem a ver com os cristãos? O que o povo que se autodenomina como o povo de Deus tem a ver com isto? A nos caberia apenas receber a Jesus como o nosso Salvador, orarmos e permanecermos na fé até estarmos com Ele em toda a sua glória nos céus?

A corrupção é uma palavra que surge na tradição cristã e é definida por Agostinho de Hipona em uma de suas cartas a Jerônimo (ambos pais da Igreja Latina) no ano de 416. Corrupção é ter um coração (cor) rompido (ruptus) e pervertido, e ele cita Gênesis 8.21 que diz “A tendência do coração é desviante desde a mais tenra idade”.

Dados da FIESP do ano de 2010 estimou que o custo médio da corrupção no Brasil é de 1,38% a 2,3% do PIB, isto é, de R$50,8 bilhões a R$84,5 bilhões (em reais de 2010).

A própria FIESP em 2010, relaciona o que poderia ser feito com esse dinheiro:

        Arcar com o custo anual de 24,5 milhões de alunos das séries iniciais do ensino fundamental segundo os parâmetros do CAQi1;

        Equipar e prover o material para 129 mil escolas das séries iniciais do ensino fundamental, com capacidade para 600 alunos segundo o modelo CAQi;

        Construir 57,6 mil escolas para séries iniciais do ensino fundamental segundo o modelo CAQi;

        Comprar 160 milhões de cestas básicas (DIEESE);

        Pagar 209,9 milhões de bolsas família em seu valor máximo (Básico + 3 variáveis + 2 BVJ);

        Construir 918 mil casas populares segundo o programa Minha Casa Minha Vida II.

Como poderíamos mudar o mundo? Como poderíamos influenciar?

Jesus nos ensina no evangelho de Mateus, capítulo 5, versículos 13 a 16 que somos chamados a perseguirmos a nossa comunhão com o Senhor, em oração e meditação, mas também para agirmos e sermos seus embaixadores na Terra.

Vivemos em uma sociedade que esta contaminada pela corrupção, governantes, autoridades e o sistema estatal e privado habita em um meio permeado pela corrupção, e que morto espiritualmente precisa ser salgado para não apodrecer, e são os cristãos que são o sal de toda a Terra.

Os crentes em Cristo são chamados a viverem no mundo, e salgá-lo com os valores do Reino de Deus, a sua presença divina fruto de uma nova natureza em Cristo comunica vida dentre os mortos.

Os cristãos genuínos não estão adormecidos pela relativização sobre o valor da vida nos dias atuais, antes se incomoda com a falta de assistência médica adequada no sistema público que gera a dor e a morte, se incomoda com as leis injustas que fazem o pobre sofrer, se entristece com o culto a personalidade que deixa de investir na educação para investir em publicidade para elevar a popularidade de programas e de pessoas em detrimento do desenvolvimento das pessoas.

O cristão genuíno irá aceitar o seu chamado, e vai lutar pela vida, para que as pessoas tenham vida na Terra exercerá sua cidadania terrena de forma a não se tornar insípido, “se o sal for insípido, com que há de salgar? (v.13), ou seja qual a sua influência no contexto urbano e social?

Queiramos ou não os cristãos são chamados para ser o sal da Terra, se deixarmos de influenciar como ficará a sociedade, se não influenciarmos o mundo apodrecerá espiritualmente – e o sal sem sabor não presta para nada. Não podemos ter apenas o nome de cristãos, pessoas que tem o nome da vida, “mas estão morto” (Ap 3.1).

Apesar de assistirmos pela mídia várias reportagens sobre a corrupção, devemos estar atentos para o nosso contexto urbano, o nosso chamado é para vivermos sim a nossa individualidade com Cristo em comunhão, mas o ato de salgar exigirá uma participação social, somos desafiados a “estarmos misturados” no mundo e mantermos a nossa identidade.

Se Cristo habita em nós, temos um novo coração (2 Co 5.17) “e vos darei um coração novo” (Ez 36.26), e vivemos uma novidade de vida, que produz um caráter que salga o mundo e nos desafia a testemunhar o Reino de Deus.

A nossa luz será manifestado no nosso testemunho, “resplandecei diante dos homens”, essa luz, não tem nada a ver com o nosso “eu”, uma vez que “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8.21), antes é a Luz que habita em nós, a luz do Sol da Justiça que é Jesus, (2 Co 3.18) “resplandecei diante dos homens”, para a glória de Deus (Fp 2.14,15).

Jesus finaliza afirmando que não podemos esconder aquilo que temos, não se pode esconder uma cidade (v.14), vivemos um tempo de guerra, como é possível esconder uma cidade em meio a uma batalha? Um cristão genuíno pode se esconder em meio a tomada de decisões que redundaram na vida ou na morte de pessoas?

Se somos cristãos, temos a luz de Cristo, foi ele quem acendeu e devemos deixá-la brilhar.

Israel foi chamado por Deus para ser exemplo para as nações e em tempos de prosperidade desviou-se da verdade, do caminho e da vida, em tempos de prosperidade somos tentados a sermos corruptos e não atentarmos para o desafio de sermos sal e luz do mundo em que vivemos.

Não basta sermos salvo, é preciso se preocupar com as demais pessoas, Israel em tempos de prosperidade se esqueceu disto e foi repreendido e castigado pelo Senhor:

Por oprimirem o pobre e profanarem o nome de Deus - Amós 2.6-8;

Por não atender as necessidades dos pobres e favorecer as pessoas ricas – Amós 5. 7-12;

Por negociarem de forma fraudulenta explorando o pobre – Amós 8.4-6;

Por impostos injustos - Amós 4.1;

Fica claro que Israel foi julgado pelos pecados sociais, o seu coração corrompido pelo pecado, se avolumou e sua iniquidade trouxe o julgamento e o castigo da parte do Senhor. Amós 3.1-2.

Somos chamados a salgar a Terra, não importa o quão rica seja a nossa cidade, não importa se as pessoas tem muito crédito, se as pessoas tem muita poupança, os cristão devem tomar suas decisões de acordo com os valores do Reino de Deus, devem a todo tempo guardar os seus corações (Is 31.33) e atentar para os pobres e os menos favorecidos, “Lavai-vos, purificai-vos,... atendei a justiça, repreendei ao opressor, defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas” Isaías 1.16-17.

Aceitar o chamado de Cristo e ser sal da Terra é ser embaixador, é ser um súdito fiel do Senhor, do Rei é testemunhar a sua verdade, o seu caminho e a vida.

Quem se incomodará com a corrupção, mesmo tendo fartura em casa?

Quem se incomodará com a falta de assistência médica adequada aos pobres, mesmo tendo condições de pagar um plano de saúde e não tendo nenhum doente em sua casa?

Quem se incomodará com os investimentos na imagem de pessoas e programas em detrimento de investimentos em segurança e educação, mesmo tendo condições de pagar por escola particular a seus filhos e viver em bairros menos violentos?

Os cristãos genuínos, servos do Rei Jesus e que vivem para promover o Reino de Deus!

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