Vinícius Alegre Zampar, 17 anos, morreu baleado em frente de casa no Conjunto Requião, zona norte de Maringá. O crime foi no último sábado, o assassino fugiu a pé e a polícia identificou a causa enquanto vasculhava o quarto do garoto. Não havia gibis, nem bola de futebol. Na verdade, o quarto do adolescente escondia 54 pedras de crack e um revólver calibre 38.
Zampar é a vítima mais recente do tráfico de drogas neste ano. De acordo com a polícia, de cada dez assassinatos na cidade, seis têm envolvimento com o tráfico de entorpecentes.
"É a conta média que fazemos. Gira em torno de 60% por tráfico, o restante por motivos diversos", diz o delegado Nilson Rodrigues da Silva. Isso quer dizer que dos 239 assassinatos nos últimos 5 anos na cidade, 143 estariam ligados a acertos de contas do tráfico.Cena do assassinato do adolescente Vinícius Zampar, no Conjunto Requião: no quarto, crack e revólver - Foto:Câmera Rec
Antes de Zampar, outra morte que estaria ligada ao tráfico foi a de Wesley Rodrigues de Carvalho, mês passado, no Jardim Olímpico. O assassino se apresentou à polícia e disse que Carvalho era traficante e estava cobrando ele por conta de uma dívida de drogas.
Também por conta de uma pendenga envolvendo o não pagamento de pedras de crack, o pedreiro Alvaro Marco Camilo, 29, foi morto com uma marretada na cabeça, mês passado, no distrito de Floriano. Em fevereiro, Anderson Rosa da Silva, 19, foi executado com 15 tiros em um bar da Avenida São Judas Tadeu. Ele havia fugido da cadeia de Ponta Grossa e segundo a família estava jurado de morte por traficantes.
Políticas
"A violência floresce onde o Estado é ausente. O que acontece em Maringá e região é idêntico em qualquer outra parte do País que esteja desassistida", diz a socióloga Ana Lúcia Rodrigues, coordenadora do Observatório das Metrópoles, núcleo de pesquisas da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Ana Lúcia elaborou um estudo sobre o perfil das vítimas de homicídios em Maringá entre os anos de 1998 e 2007, que serão apresentados nesta semana no Seminário de Violência Urbana, na UEM. Os números mostram que as principais vítimas da violência são homens solteiros, jovens e que não chegaram ao ensino médio.
De 564 homicídios ocorridos no período do estudo na região metropolitana de Maringá, 63% foram de vítimas com até 7 anos de estudos. Na divisão por faixa etária, a maior fatia se concentra no faixa de 20 a 29 anos, correspondendo a 22% das vítimas.
A conclusão é que onde o Estado peca em educação, saúde e segurança os jovens seguem para a violência. "No Rio de Janeiro você vê o exemplo das Unidades de Polícia Pacificadora. Lá, a UPP é instalada junto com políticas de educação e cultura, não é só a polícia. Tanto que quando a UPP chega, os bandidos saem, porque o Estado está presente", compara a socióloga.
Índices
Em relatório divulgado neste mês, o governo do Estado deixou claro os problemas acumulados na área de segurança. Em um intervalo de 10 anos, o efetivo policial no Paraná caiu quase 10%. Em 2007, a média paranaense era de 32 homicídios para cada 100 mil habitantes, quase o dobro de 10 anos antes.
No mesmo ano, a média em São Paulo foi de 18,6 homicídios. Já no Brasil, a média foi de 25 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes.
Apreensões
244,3 quilos de maconha e crack foram apreendidos em Maringá no primeiro bimestre de 2011.
12,8 quilos das duas drogas foram apreendidos nos dois primeiros meses de 2010.
Fonte: O Diário, reportagem de Fabio Linjardi
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quarta-feira, 27 de abril de 2011
60% dos homicídios registrados em Maringá têm ligação com drogas
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