Os brasilienses Amanda e Roberto *, que estão hospedados em um hotel na Rua André de Barros, na região central, e estavam em Curitiba por causa de um congresso, não têm boa impressão da cidade. O casal foi acordado por volta das seis horas por quatro homens desconhecidos encapuzados e vestidos de preto, armados de fuzis. Nem passou pela ideia da estudante de Direito e do oficial do Exército de que aquela cena fazia parte de uma operação policial contra o tráfico. “Só imaginei que era um assalto. Ninguém informou que era policial e nem mostrou mandado de busca e apreensão”.
A situação constrangedora só se resolveu quando surgiu uma policial feminina, que permitiu que ambos pudessem vestir uma roupa. Enquanto isso, dezenas de hóspedes aguardavam no corredor. Nesta sexta-feira, segundo Amanda, o hotel está vazio por conta da operação. Até a última quinta-feira, o estabelecimento estava cheio de turistas e congressistas, principalmente militares. “Nunca mais voltaremos à Curitiba, e o próximo congresso - que estaria marcado para agosto -, se depender de mim, terá sede em outra cidade”. Na opinião do casal, a abordagem deveria ter sido planejada de forma bem diferente, respeitando os hóspedes. Ela garante que ao chegar a Brasília irá abrir um processo de danos morais contra a Secretaria de Segurança Pública.
Assim como eles, os hóspedes do Apart Hotel Casa Grande, na Rua Riachuelo, também tiveram uma surpresa. A proprietária do estabelecimento, Maria Valcierene Graffi Procópio, contou que vários policiais invadiram o local e arrebentaram quatro portas. Segundo ela, ao conversar com o delegado responsável pela operação, foi dito que a orientação era de que os policiais entrassem com chave mestra em cada apartamento. No entanto, nada disso aconteceu. “Eles chegaram a colocar a arma na cabeça de um dos hóspedes que estava com uma criança no apartamento”, lamenta.
Dos 30 apartamentos que o hotel tem, 15 são de mensalistas, na grande maioria, de senhores aposentados, estudantes e estrangeiros. Inclusive, tinha hóspedes de outros estados que vieram participar de uma feira na cidade. No atual momento, o hotel estava com sua capacidade preenchida e sem problemas. Ninguém foi levado preso. “A polícia deixou prejuízos materiais, morais e um péssimo cartão de visitas para quem vem de fora”. O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto disse que todas as denúncias de abuso serão investigadas. Porém, ele defendeu a operação e a forma como os policiais conduziram as ações. “Quando os policiais entram em um lugar para fazer uma abordagem, eles não sabem que está lá dentro. Não dá para adivinhar quem é o bandido”, afirmou.* Nomes fictícios. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Fernanda Leitóles, Aline Peres e Gladson Angeli
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sexta-feira, 6 de maio de 2011
Hóspedes reclamam da truculência na Operação Liberdade
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