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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Em 11 anos, taxa de homicídios no Paraná aumenta 86%

Dado elevou a posição do estado de 16º para 9º mais violento entre 2000 e 2010. No mesmo período, Curitiba passou de 20ª para 6ª no ranking das capitais

A taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes no Paraná aumentou 86% entre 2000 e 2010. O crescimento fez com que o Paraná subisse da 16ª para a 9ª posição no ranking dos estados com maior índice de homicídios. Acompanhando a tendência estadual, o índice em Curitiba subiu 113,2% no mesmo período. Com isso, a cidade subiu de 20º para 6ª colocada na lista das capitais com mais homicídios por 100 mil habitantes.

No Paraná, a taxa de homicídios cresceu de 18,5 para cada 100 mil habitantes em 2000 para 35,1 em 2009, quando atingiu o maior índice. A queda para 34,4 em 2010 não foi suficiente para evitar a subida de sete posições no ranking divulgado no Mapa da Violência 2012 pelo Instituto Sangari. Os estados que lideram o ranking são Alagoas, com 66,8 homicídios por 100 mil habitantes, Espírito Santo, com 50,1, e Pará, 45,9. Pernambuco, que aparecia na primeira posição em 2000 com uma taxa de 54 homicídios, reduziu o número para 38,8 e ocupa o quarto lugar. Na sequência aparecem Amapá (38,7), Paraíba (38,6), Bahia (37,7), Rondônia (34,6), Paraná (34,4) e Distrito Federal (34,2).

Entre os demais estados do Sul do Brasil, destaque para Santa Catarina, que, com uma taxa de 12,9 homicídios por 100 mil habitantes em 2010, aparece na última posição do ranking, em 27º. O Rio Grande do Sul, que apresentou uma taxa de 19,3, também melhorou sua posição, passando de 18º em 2000 para 23º em 2010, segundo dados preliminares.

Alta

Em números absolutos, o Paraná registrou 3.588 homicídios em 2010, contra 1.766 em 2000, uma alta de 103,2%, a mais elevada entre os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No mesmo período, o Brasil apresentou aumento de 10,1% na taxa. No país, 45.360 homicídios foram registrados em 2000 e 49.932 em 2010.

As quedas mais significativas ocorreram nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. No estado paulista, 15.631 pessoas foram assassinadas em 2000 e 5.745 em 2010, uma redução de 63,2%. Já no Rio, a queda no mesmo período foi de 42,9%, passando de 7.337 vítimas em 2000 para 4.193 em 2010

Curitiba

Entre as capitais, Curitiba ganhou 14 posições no ranking, passando de 20ª para 6ª colocada entre as grandes cidades com maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes no período de 11 anos. O número de assassinatos passou de 26,2 para 55,9 a cada 100 mil pessoas no período. As únicas capitais que superam os índices de Curitiba são: Maceió (109,9 homicídios/100 mil habitantes); João Pessoa (80,3); Vitória (67,1); Recife (57,9); e São Luís (56,1).

Em números absolutos, a taxa de homicídios em Curitiba subiu 135,3% em 11 anos. Em 2000, foram registrados 416 assassinatos na capital, contra 979 no ano passado. O número supera o de outras capitais como Recife (890), Belo Horizonte (830) e Porto Alegre (518).

Cidades mais violentas

Outro dado que contribui para o crescimento dos índices no Paraná é o aumento da criminalidade em cidades do interior e da região metropolitana de Curitiba. Em números relativos, o município de Campina Grande do Sul, na RMC, ocupa a segunda posição nacional no ranking das cidades com maiores taxas de assassinatos. Com uma população de 37.707 pessoas, a cidade registrou 147 homicídios entre 2008 e 2010. Para a comparação com as demais cidades, o índice é de 130 mortes por ano a cada 100 mil habitantes.

O ranking também traz Guaíra na quarta posição nacional com uma média de 112,8 assassinatos a cada 100 mil habitantes por ano. A cidade que lidera no Brasil é Simões Filho, na Bahia, com 146,4 homicídios. Na terceira posição nacional está Marabá, no Pará, com uma taxa de 120,5.

Além de Campina Grande e Guaíra, outras sete cidades paranaenses aparecem na lista nacional das mais violentas: Piraquara (19ª), Almirante Tamandaré (38ª), Guaratuba (44ª), Foz do Iguaçu (51ª), Pinhais (63ª), Santa Terezinha de Itaipu (69ª) e Rio Branco do Sul (98ª).

A capital Curitiba é a 109ª na lista com uma média de 56,5 assassinados por 100 mil habitantes entre 2008 e 2010. Nos três anos, apenas três cidades paranaenses com mais de 10 mil habitantes não registraram assassinatos: Cafelândia, Joaquim Távora e São Pedro do Ivaí.

A evolução dos homicídios no Paraná

O relatório destaca três períodos distintos na evolução dos assassinatos no Paraná. No primeiro, entre 1980 e 1992, o índice no estado cresceu menos que a média nacional. Enquanto os homicídios no país aumentaram 63,3% no período, no Paraná a elevação foi de 18,7%.

De 1992 a 2000, houve um primeiro “bum” dos assassinatos no estado: as taxas passaram a aumentar acima da média nacional, impulsionadas principalmente pela região metropolitana de Curitiba (RMC). Neste período, a média de aumento dos casos em todo o país foi de 39,9%; no Paraná, de 44,6%; só na RMC, de 77,7%.

No terceiro período, entre 2000 até os dias atuais, os índices se acentuaram ainda mais no Paraná, enquanto houve a estagnação das taxas em todo o país. É como se o Paraná tivesse corrido na contramão no que diz respeito à segurança pública. Esse aumento mais incisivo é puxado tanto pela RMC, quanto pelo interior do estado.

Avaliação

O delegado Rubens Recalcatti, chefe da Delegacia de Homicídios (DH), concorda com os períodos destacados no relatório e aponta fatores que motivaram a mudança na evolução das taxas de assassinatos. Segundo Recalcatti, a primeira aceleração nos índices tem raízes estruturais: está relacionada ao crescimento desordenado da região metropolitana e de bairro periféricos de Curitiba, para onde migraram trabalhadores de todo o estado. “A população explodiu nesses lugares, mas a infraestrutura não acompanhou esse crescimento”, avalia.

Obedecendo à mesma dinâmica estrutural, a própria polícia ficou para trás, segundo o delegado. A falta de investimentos nas forças policiais teria criado o que Recalcatti classifica de “situação anômala”. “Hoje temos regiões da capital com 250 mil habitantes e que estão sob responsabilidade de um único distrito. A defasagem é brutal”, aponta.

O segundo catalisador das taxas, na avaliação do delegado, seria a chegada do crack ao Paraná. Por ser uma droga relativamente barata e com alto potencial de dependência, o entorpecente levou pouco tempo, de acordo com Recalcatti, para se consolidar, principalmente entre as camadas sociais mais vulneráveis. “Hoje, a maior causa de homicídios é o crack e o tráfico. Essa droga potencializou um quadro que já era gravíssimo”, explica.

Ainda de acordo com Recalcatti, mudanças no comportamento das pessoas também contribuem para o aumento dos índices. “A maior tolerância às drogas, como a liberação da marcha da maconha, e outras ‘liberalidades’ também compõem este cenário”, opina. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Vitor Geron e Felippe Aníbal

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