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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

No vácuo da oposição, Eduardo Campos entra de vez na sucessão presidencial


Aldo Carneiro/Folhapress

Eduardo Campos no carnaval de Pernambuco: figurino de candidato a presidente, embora ainda não assuma isso oficialmente


Governador de Pernambuco aproveita a inação do PSDB para marcar posição contra a escolha de peemedebistas suspeitos de corrupção para o comando do Congresso


Os últimos passos do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, mostram que ele entrou de vez na corrida presidencial de 2014, embora ainda não admita isso e, oficialmente, ainda seja aliado da presidente Dilma Rousseff. No vácuo de uma oposição enfraquecida e sem um discurso unificado, trabalhou nos bastidores para derrotar o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), suspeito de corrupção, na eleição para a presidência da Câmara. Perdeu. Mas marcou posição e acabou ficando ao lado da opinião pública. 

Também foi um dos poucos políticos nacionais de expressão a defender publicamente o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, das ameaças de sofrer a abertura de um processo de impeachment, que estaria sendo patrocinado por aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). 

O vice-presidente Michel Temer: para fechar a composição com o PSB, peemedebista seria lançado ao governo de São Paulo 


Ganhou perdendo 

Nos bastidores, Campos avalia que o PSB perdeu ganhando a eleição na Câmara. Na segunda-feira da semana passada, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) deixou de levar a disputa para o segundo turno com Henrique Alves por apenas 22 votos. Ele obteve 165 votos, quando a previsão inicial de sua campanha era de que teria cerca de 70. 

Nas contas do PSB, Delgado só não terminou com 175 porque o “PSDB amarelou” e decidiu não ajudar numa vitória que poderia fortalecer o projeto de Campos para 2014 contra o tucano Aécio Neves (PSDB-MG). E também porque o governador de Pernambuco não foi ostensivo na campanha de Delgado.

“O PSB marcou posição e ganhou um novo discurso contra o PMDB, o PT e o PSDB”, disse Campos na semana passada logo após a eleição da Câmara, segundo interlocutores. Na avaliação de lideranças do PSB, o PMDB ficou ainda mais marcado negativamente com Henrique Alves e Renan no comando do Congresso. Como o PT bancou as candidaturas dos peemedebistas, também se desgastou.

E o PSDB perdeu a oportunidade de empunhar a bandeira da ética – ajudou a eleger Alves na Câmara, em troca do cargo de primeiro-secretário, e também contribuiu para a vitória de Renan, embora senadores tucanos tenham votado contra o alagoano. No Senado, Aécio nem sequer discursou contra a eleição de Calheiros. 

No último sábado, durante o carnaval do Recife (PE), Campos também aproveitou a presença da imprensa para se posicionar publicamente contra a articulação de aliados de Renan para promover o impeachment, no Senado, do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O procurador virou alvo da fúria do presidente do Senado ao denunciar Renan ao Supremo Tribunal Federal (STF) por três crimes, nas vésperas da eleição do Congresso. A ideia do grupo é abrir o processo no Senado com base em denúncias contra Gurgel já formuladas na Casa. 

“É uma medida [a cassação do procurador] que existe, que é constitucional, mas que é uma medida extrema, quando há uma falha grave, um absurdo, um descumprimento da lei”, disse Campos. “Não vejo nem conheço, nem o país conhece, nenhum fato objetivo que venha a incriminar a ação do procurador.” 

Para atrair o governador do PSB, PT pode oferecer a vice de Dilma

A movimentação pré- eleitoral do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), já ligou o sinal de alerta do Planalto. Aliados da presidente Dilma Rousseff lançaram, na semana passada, uma ideia para atrair Campos de volta à esfera petista. O PT garantiria a ele a vaga de vice na chapa de Dilma em 2014. E o atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), seria lançado ao governo de São Paulo com o apoio do PT. 

A ministra da Cultura, a petista Marta Suplicy, foi uma das que admitiu que o PT pode abrir mão da cabeça de chapa na candidatura ao governo de São Paulo em 2014 em favor de outro partido. “Em eleição e em política, pode tudo. Cada dia é um evento e um processo”, disse Marta. 

Mas a ideia enfrenta forte resistência tanto do PT quanto do PMDB. Há petistas que consideram o governo de São Paulo uma obsessão, a joia da coroa dos estados. E o PMDB sabe que Temer não é um nome popular para se eleger governador. Assim, o partido trocaria o provável (a reeleição de Temer como vice-presidente) pelo improvável (a vitória em São Paulo). Para um partido acostumado ao poder, seria um risco muito grande. 

Sem disposição

“Temer não tem disposição alguma em ser candidato a governador”, disse o presidente estadual do PMDB, deputado estadual Baleia Rossi, afilhado de Temer e um dos políticos mais próximos do vice-presidente. Segundo Rossi, as especulações sobre a candidatura de Temer em São Paulo não têm “nenhum fundo de verdade”. “Reafirmamos total apoio à manutenção do Temer como vice da Dilma. [A candidatura de Temer em São Paulo] não é uma coisa que o PMDB pense”, disse Rossi. 

Já no PT de São Paulo, a reação contrária é mais contida – até mesmo porque a proposta partiu do Planalto. Uma liderança estadual do partido, que pediu para não ser identificada, afirmou que a sigla está mobilizada pela candidatura própria. “A [cúpula] nacional quer São Paulo para compor a tática [da eleição presidencial]. Mas, se for no voto dentro do partido, não passa.” Fonte: Gazeta do Povo


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