Depois de anunciar sua saída do PT, a senadora Marina Silva (AC) divulgou carta enviada à presidência do partido na qual afirma que a decisão foi tomada por conta das dificuldades em fazer o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se preocupar tanto quanto deveria com as questões ambientais.
Ex-ministra do Meio Ambiente e referência mundial em militância por causas ecológicas, Marina deve seguir para o PV, em uma negociação que envolve a candidatura dela à sucessão presidencial em 2010.
A senadora e ex-ministra Marina Silva deixa o PT, partido ao qual era filiada desde 1985
Depois de enumerar conquistas de sua passagem pela administração federal, a senadora afirma que "faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica, ou seja, de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas".
"Chego à conclusão de que, após 30 anos de luta socioambiental no Brasil é o momento não mais de continuar fazendo o embate para convencer o partido político do qual fiz parte por quase trinta anos, mas sim o do encontro com os diferentes setores da sociedade dispostos a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável", diz o texto.
Eleição presidencial
Nascida com o nome de Maria Osmarina Silva de Lima, ela é vista como ameaça aos candidatos da base do governo nas eleições presidenciais. De acordo com uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada no último domingo, ela já conta com 3% das intenções de voto -- concentrados nas classes mais ricas e bem informadas -- apesar de ter sido incluída nesse debate somente desde o início deste mês.
Marina deixou a administração federal após mais de cinco anos e quatro meses por conta de divergências com o grupo liderado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto.
Marina Silva exerce seu segundo mandato no Senado. Foi eleita pela primeira vez em 1994, aos 36 anos, e naquele mesmo ano se tornou nome natural do PT para a pasta do meio ambiente no caso de vitória de Lula, o que aconteceu em 2002.
Ela nasceu em uma família pobre no seringal Bagaço, a 70 km de Rio Branco. Dos onze filhos do casal Pedro Augusto e Maria Augusta, três morreram ainda pequenos. A senadora se tornou a segunda mais velha entre os oito sobreviventes, sete mulheres e um homem. Trabalhou como empregada doméstica e seringueira para ajudar a família e custear seu tratamento de hepatite, doença que contraiu ainda jovem.
Após 30 anos, Marina Silva deixa o PT
Estudante de cursos supletivos, Marina só foi alfabetizada quando adolescente. Depois, graduou-se em História pela Universidade Federal do Acre, onde descobriu o marxismo na década de 1980. Foi ali que entrou para o Partido Revolucionário Comunista (PRC), grupo semi-clandestino de oposição ao Regime Militar (1964-1985). Começou a dar aulas de História e a frequentar as reuniões do movimento sindical dos professores.
Ao lado de Chico Mendes, Marina assumia na maior parte do tempo a liderança do movimento sindical no Estado. E foi para ajudá-lo na candidatura a deputado estadual que ela passou a oficialmente integrar o PT, em 1985.
Em 1988, foi eleita como a vereadora mais votada para a Câmara Municipal de Rio Branco, a única declaradamente de esquerda. Dois anos depois, foi eleita deputada federal.
No final do primeiro ano de mandato, Marina passou mal após uma viagem ao interior e teve de ser hospitalizada. Começou um logo período de sofrimento que só foi amenizado com a vinda dela para São Paulo, onde recorreu à ajuda de Lula, José Genoíno e outros líderes do PT para conseguir um melhor tratamento e exames mais completos. O diagnóstico foi de contaminação por metais.
Recuperada, disputou e venceu a eleição para o Senado Federal, onde tinha interlocução até com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e com o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães, adversários políticos do PT.
Marina Silva foi casada duas vezes e tem quatro filhos.
Fonte: Notícias Uol
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Em carta, Marina diz que desfiliação do PT se deve a falta de "condições políticas
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