Levantamento com 18 mil estudantes revelou que o índice é muito maior que o da população em geral, de 4,5%
Uma pesquisa da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) com 18 mil universitários do País comprovou que eles usam mais drogas lícitas e ilícitas, como o álcool e a maconha, que a população em geral. Mais de 60% dos entrevistados tinham consumido álcool nos últimos 30 dias (entre a população em geral o índice é de 38,3%) e 25,9% usaram drogas ilícitas (na população o índice é de 4,5%).
Os pesquisadores esperavam que existisse uma diferença entre os dois públicos, mas se surpreenderam com o tamanho do degrau. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Estado, foi feito em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e é o primeiro de abrangência nacional.
Foram entrevistados alunos de cem instituições particulares e públicas de ensino superior nas 26 capitais do País, mais o Distrito Federal. A intenção agora é usar os resultados da pesquisa para a criar políticas específicas contra o uso de drogas.
"O governo vem realizando uma série de ações voltadas a populações mais vulneráveis, como é o caso dos universitários", afirmou a titular da Senad, Paulina Duarte. "O levantamento foi fundamental para que pudéssemos conhecer qual é a exata situação de uso de drogas nessa população e, a partir disso, planejar, em parceria com as universidades, intervenções eficazes."
Para o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, da USP, um dos responsáveis pelo estudo, o desafio será encontrar uma forma de mobilizar os universitários. "A informação já existe. Mas o fato de eles conhecerem os malefícios não faz com que consumam menos drogas", afirma.
Segundo o médico, além da quantidade, os universitários consomem álcool e outras drogas de forma perigosa. "Os jovens estão fazendo uso de múltiplas drogas simultaneamente. Além disso, um em cada quatro bebe de forma exagerada e 3% apresentam padrão de dependência, algo que costumávamos encontrar só em alguém com 40, 50 anos", diz o médico.
O exagero no álcool, de acordo com pesquisas científicas, deixa a pessoa exposta a riscos como acidentes de trânsito, intoxicação, atos de violência, sexo desprotegido, além de potencialmente prejudicar o desempenho acadêmico, profissional e social do usuário.
Dos entrevistados, 18% disseram que já dirigiram embriagados, 27% pegaram carona com pessoas embriagadas e 43,4% admitiram ter usado álcool simultaneamente com outras drogas.
Das drogas ilícitas, as mais consumidas foram maconha, haxixe ou skunk (26,1% dos universitários já consumiram alguma delas), anfetamínicos (13,8%), tranquilizantes e ansiolíticos sem prescrição médica (12,4%), além de cocaína (7,7%).
Obrigações. A psicóloga Ilana Pinsky, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo, diz que os jovens consomem mais drogas porque eles ainda têm menos obrigações e mais fácil acesso que os adolescentes.
"Nessa fase também há uma tolerância maior, já que os prejuízos costumam ser menores, os problemas crônicos ainda não apareceram", afirma.
Mas a idade não deve ser vista como desculpa para o consumo de drogas e o exagero na bebida. "Existe na sociedade a ideia de que é uma fase, de que é normal, mas isso é falso", afirma. "Se a gente considerar só a quantidade de mortes e incapacitações em acidentes causados por motoristas alcoolizados, já temos um problema muito sério."
Renan Rebello, de 23 anos, estudante de Economia em São Paulo, reconhece que o consumo de álcool o coloca em situações de risco. "Chega a ser perigoso, especialmente quando bebo e dirijo", afirma. Rebello, que começou a beber aos 13, conta que na adolescência era mais comum tomar porres. "Antes bebia mais em quantidade. Hoje bebo com mais frequência, mas às vezes ainda fico bem louco." Para ele, beber é importante como fator de integração social.
A aluna de Direito Carol Korte, de 20 anos, relata que seu consumo de álcool aumentou muito - em quantidade e frequência - desde que entrou na faculdade. "A gente chega estressado depois de um dia inteiro trabalhando e estudando e acaba se reunindo no bar para conversar, descontrair", afirma. "Quem não bebe é um estranho no ninho."
QUANTO É BEBER DEMAIS
A pesquisa usou o "padrão Binge" para medir excessos: a partir de cinco doses para homens e quatro para mulheres num intervalo de duas horas. Estudos provam que esse padrão está relacionado a diversos problemas. Fonte: O Estado de São Paulo, reportagem de Luciana Alvarez
Uma pesquisa da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) com 18 mil universitários do País comprovou que eles usam mais drogas lícitas e ilícitas, como o álcool e a maconha, que a população em geral. Mais de 60% dos entrevistados tinham consumido álcool nos últimos 30 dias (entre a população em geral o índice é de 38,3%) e 25,9% usaram drogas ilícitas (na população o índice é de 4,5%).
Os pesquisadores esperavam que existisse uma diferença entre os dois públicos, mas se surpreenderam com o tamanho do degrau. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Estado, foi feito em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e é o primeiro de abrangência nacional.
Foram entrevistados alunos de cem instituições particulares e públicas de ensino superior nas 26 capitais do País, mais o Distrito Federal. A intenção agora é usar os resultados da pesquisa para a criar políticas específicas contra o uso de drogas.
"O governo vem realizando uma série de ações voltadas a populações mais vulneráveis, como é o caso dos universitários", afirmou a titular da Senad, Paulina Duarte. "O levantamento foi fundamental para que pudéssemos conhecer qual é a exata situação de uso de drogas nessa população e, a partir disso, planejar, em parceria com as universidades, intervenções eficazes."
Para o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, da USP, um dos responsáveis pelo estudo, o desafio será encontrar uma forma de mobilizar os universitários. "A informação já existe. Mas o fato de eles conhecerem os malefícios não faz com que consumam menos drogas", afirma.
Segundo o médico, além da quantidade, os universitários consomem álcool e outras drogas de forma perigosa. "Os jovens estão fazendo uso de múltiplas drogas simultaneamente. Além disso, um em cada quatro bebe de forma exagerada e 3% apresentam padrão de dependência, algo que costumávamos encontrar só em alguém com 40, 50 anos", diz o médico.
O exagero no álcool, de acordo com pesquisas científicas, deixa a pessoa exposta a riscos como acidentes de trânsito, intoxicação, atos de violência, sexo desprotegido, além de potencialmente prejudicar o desempenho acadêmico, profissional e social do usuário.
Dos entrevistados, 18% disseram que já dirigiram embriagados, 27% pegaram carona com pessoas embriagadas e 43,4% admitiram ter usado álcool simultaneamente com outras drogas.
Das drogas ilícitas, as mais consumidas foram maconha, haxixe ou skunk (26,1% dos universitários já consumiram alguma delas), anfetamínicos (13,8%), tranquilizantes e ansiolíticos sem prescrição médica (12,4%), além de cocaína (7,7%).
Obrigações. A psicóloga Ilana Pinsky, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo, diz que os jovens consomem mais drogas porque eles ainda têm menos obrigações e mais fácil acesso que os adolescentes.
"Nessa fase também há uma tolerância maior, já que os prejuízos costumam ser menores, os problemas crônicos ainda não apareceram", afirma.
Mas a idade não deve ser vista como desculpa para o consumo de drogas e o exagero na bebida. "Existe na sociedade a ideia de que é uma fase, de que é normal, mas isso é falso", afirma. "Se a gente considerar só a quantidade de mortes e incapacitações em acidentes causados por motoristas alcoolizados, já temos um problema muito sério."
Renan Rebello, de 23 anos, estudante de Economia em São Paulo, reconhece que o consumo de álcool o coloca em situações de risco. "Chega a ser perigoso, especialmente quando bebo e dirijo", afirma. Rebello, que começou a beber aos 13, conta que na adolescência era mais comum tomar porres. "Antes bebia mais em quantidade. Hoje bebo com mais frequência, mas às vezes ainda fico bem louco." Para ele, beber é importante como fator de integração social.
A aluna de Direito Carol Korte, de 20 anos, relata que seu consumo de álcool aumentou muito - em quantidade e frequência - desde que entrou na faculdade. "A gente chega estressado depois de um dia inteiro trabalhando e estudando e acaba se reunindo no bar para conversar, descontrair", afirma. "Quem não bebe é um estranho no ninho."
QUANTO É BEBER DEMAIS
A pesquisa usou o "padrão Binge" para medir excessos: a partir de cinco doses para homens e quatro para mulheres num intervalo de duas horas. Estudos provam que esse padrão está relacionado a diversos problemas. Fonte: O Estado de São Paulo, reportagem de Luciana Alvarez
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