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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Alcoólicos Anônimos completam 75 anos

O AA está presente em 171 países e chegou ao Paraná há 42 anos - Foto: Daniel Derevecki/ AGP

Instituição foi criada em 1935, nos Estados Unidos, por duas vítimas do alcoolismo. São 4,5 mil grupos no Brasil e 280 no Paraná

Milhares, talvez milhões de pessoas em 171 países são gratas aos Alcoólicos Anônimos. Hoje, na comemoração de 75 anos de fundação da instituição, eles brindam à sobriedade. Não há remédio ou vacina para o mal que lhes afligiu. E, apesar de a recuperação ser fruto da força de vontade de cada um, é unânime o sentimento de que a instituição desempenhou papel essencial para reconhecer o problema do alcoolismo e ensinar a encará-lo. No Brasil, 4,5 mil grupos apoiam as vítimas de alcoolismo, sendo 280 no Paraná e 88 em Curitiba e região metropolitana. Em agosto, o AA completa 42 anos de atuação no estado.

Um corretor financeiro e um médico, vítimas do alcoolismo, da cidade de Akron, nos Estados Unidos, foram os responsáveis pela criação do AA, em 1935. Quatro anos mais tarde, a irmandade publicou o primeiro texto básico, expondo a filosofia e os métodos de atuação (divididos em doze passos de recuperação) – formatação que facilitou a disseminação do trabalho. É impossível dizer quantas pessoas passaram pelos grupos de trabalho nos últimos 75 anos, pois o anonimato é uma das prerrogativas. Não são feitos cadastros e nem há bancos de dados com informações de quem participa ou frequentou os grupos.

Amadeu, 64 anos, está sóbrio há 21 anos, desde que buscou apoio no AA – os sobrenomes não são informados em razão do anonimato. Ele não sofreu grandes perdas materiais ou sociais graças ao apoio constante de sua esposa e de amigos, que durante 26 anos controlaram seus negócios e su-portaram as dificuldades. “A perda maior é a espiritual. Você se esvazia de todos os valores, se desmoraliza diante da família e da comunidade. E acaba se isolando como consequência”, constata. “Quando você chega ao grupo, é informado de que o alcoolismo é doença e para de achar que tinha desvio de caráter, que era um safado”.

A força para encarar o problema, segundo Amadeu, está em compartilhar experiências e observar pessoas que obtiveram êxito. “Quando um alcoólico planta na mente de outro a natureza exata da doença, essa pessoa nunca mais vai se comportar do mesmo jeito”, diz. “Pela experiência dessas pessoas, você vê que é possível parar. É preciso evitar o primeiro gole só hoje.” No primeiro dos 12 passos a pessoa admite sua impotência e assume que deve evitar o primeiro gole. Portanto, o termo beber socialmente é algo inexistente no dicionário do alcoólico.

Para participar das reuniões, é necessário apenas ter o objetivo de parar de beber. Nos grupos, reúnem-se os mais diferentes tipos de pessoas, sem distinções sociais: do pobre ao rico; do letrado ao analfabeto; do jovem ao idoso.

Doença Fatal

O alcoolismo é uma das doenças que mais mata e pode causar 350 tipos de doenças, entre físicas e psiquiátricas. Pior: um em cada dez usuários tende a se viciar. Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde realizada em 2009, o porcentual de uso abusivo de álcool cresce constantemente – subiu de 16,1% em 2006 para 17,5% em 2007 e para 19% em 2008. O estudo considera abusivo o consumo de mais de quatro doses de álcool para mulheres e mais de cinco para homens em um mês. Uma dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou porções de destilados.

Serviço:

A Central de Serviços dos Alcoólicos Anônimos fica na Avenida Vicente Machado, 738 – Sobrado 1. Mais informações pelo telefone (41) 3222-2422. Aos interessados, a central indica a localização e a data das reuniões do AA. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Vinicius Boreki

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