[UMA] objeção [ao conceito de inferno como punição infligida por Deus] é que nenhum homem caridoso seria capaz de viver uma vida abençoada no céu enquanto tivesse consciência de uma única alma ainda a vagar pelo inferno; mas será que isso nos torna mais misericordiosos do que Deus?
Por trás dessa objeção existe uma imagem mental de céu e inferno coexistindo em um tempo linear unidimensional, semelhante à coexistência das histórias da Inglaterra e da América, de modo que os bem-aventurados pudessem dizer a qualquer hora:
“As misérias do inferno estão acontecendo agora mesmo”.
Porém, percebo que, quando o Nosso Senhor enfatiza os terrores do inferno com tamanho rigor, geralmente não enfatiza a ideia de duração, e sim de finalidade. A entrega ao fogo destruidor é ger almente tratada como o fim da história, e não como o começo de uma história nova.
Não há dúvida de que a alma perdida está eternamente ligada à sua atitude diabólica; mas não fazemos a mínima ideia se essa ligação eterna implica uma duração interminável — ou qualquer duração que seja. [...] Sabemos muito mais sobre o céu do que sobre o inferno, pois o céu é o lar da humanidade e, portanto, contém tudo o que está implícito em uma vida humana gloriosa.
Acontece que o inferno não foi feito para o homem; o inferno não é de forma alguma paralelo ao céu; trata-se, porém, da “escuridão lá fora”, da área em que o ser se desvanece no nada. — de The Problem of Pain [O Problema do Sofrimento]
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terça-feira, 26 de julho de 2011
O lugar da finalidade e da escuridão - Por C.S.Lewis
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