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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Nova morte faz agentes pedirem uso de armas

Protesto de agentes penitenciários durante o enterro de Pereira: oitava morte em dois anos levou profissionais a pedirem o uso de armas fora do horário de serviço - Foto:Hugo Harada/Gazeta do Povo

Carlos Alberto Pereira foi assassinado a tiros na frente de casa, no bairro Fazendinha. Foi o oitavo crime em dois anos

Agentes penitenciários que acompanharam o enterro do colega de trabalho Carlos Alberto Pereira, 52 anos, assassinado a tiros na tarde de terça-feira em Curitiba, fizeram uma manifestação na tarde ontem, pedindo a liberação do uso de armas de fogo pela categoria. Carregando faixas e cartazes, cerca de 50 agentes que estiveram no velório fecharam por cinco minutos a Rua João Bettega, nas imediações do cemitério Jardim da Saudade, onde o corpo foi enterrado. “Agentes Peni­­tenciários: categoria unida por mais segurança para os trabalhadores”, dizia uma das faixas.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sin­­darspen), Antony Johnson, oito agentes foram assassinados no estado nos últimos dois anos. A morte de Pereira foi a primeira do ano. “As ameaças que sofremos diariamente no interior das unidades penais estão se realizando. Precisamos de apoio, precisamos do porte de arma. Não queremos usá-las dentro das penitenciárias, mas fora, para se defender”, diz.

Segundo o agente penitenciário Clayton Auwerter, o porte de arma para agentes é regulamentado pela Lei Federal n.º 10.826/03. Entretanto, no Paraná, um projeto de lei que propunha o porte, aprovado na Assembleia, foi vetado pelo então governador Roberto Requião, em 2008. “O crime extrapolou as paredes das penitenciárias. Se os agentes mortos estivessem armados, provavelmente estariam aqui”, afirma. “Não estamos afirmando que o porte vai resolver os problemas, mas o criminoso, quando souber que estamos armados, vai pensar duas vezes antes de nos atacar.”

Para que os agentes pudessem comparecer ao sepultamento do colega, as unidades de regime fechado de Curitiba e região metropolitana operaram em ritmo diferenciado ontem, segundo o vice-presidente do sindicato. De acordo com ele, os presos não teriam banho de sol e as unidades não fariam atendimento externo.

Investigações

Pereira foi assassinado na frente de casa, no bairro Fazendinha. Ele já havia sido chefe de segurança do antigo presídio do Ahú e atualmente trabalhava na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Para a polícia, a principal hipótese é de que o assassinato de Pereira esteja relacionado à atuação dele como agente. De acordo com a Delegacia de Homicídios, Pereira estava de férias e pintava o portão da residência quando foi surpreendido por um homem encapuzado que abriu fogo. O agente foi atingido por dois tiros na cabeça e um no tórax e morreu no local. No carro dele, que estava estacionado na garagem, também havia sinais de disparos.

“Não resta dúvida de que se trata de uma execução. Pelas circunstâncias, de imediato, relacionamos o crime com a atividade profissional da vítima. Esta é a principal hipótese”, disse o superintendente da Delegacia de Homicídios, José Carlos Machado.

Familiares da vítima disseram à polícia que Pereira nunca revelou ter recebido ameaças, nem comentou algo que pudesse justificar o crime. “Além de ouvir familiares, procuramos pessoas que possam ter visto elementos que nos ajudem a entender a dinâmica deste homicídio”, disse Ma­­chado.

Segundo informações repassadas à polícia, o autor do crime teria estacionado um carro de cor escura próximo à casa de Pereira. O assassino teria caminhado até o local onde a vítima estava, efetuado os disparos e retornado ao veículo para fugir. “Fizemos buscas por câmeras de segurança que pudessem ter captado os movimentos deste carro, mas não encontramos”, disse o superintendente. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Gabriel Azevedo e Felipe Anníbal

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