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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Governo paraguaio monta comissão e tensão na fronteira diminui

Por outro lado, terras de brasiguaios continuam sob ameaça de invasão por sem-terra do país vizinho

O Gabinete Civil da Presidência do Paraguai convocou para este sábado (4) uma reunião de diversos ministérios para tentar chegar a uma definição sobre o litígio envolvendo cerca de 167 mil hectares de terras, boa parte delas ocupadas atualmente pelos brasiguaios, brasileiros que instalaram-se no país vizinho.

Os “carperos”, grupo de sem-terra paraguaios, alegam que essas terras foram ocupadas ilegalmente e querem a retirada dos brasiguaios e a utilização delas para reforma agrária. O anúncio da comissão ministerial diminuiu o clima tenso dos últimos dias, mas a ameaça de invasão de terras utilizadas por brasileiros ainda é forte em Alto Paraná, província paraguaia próxima à fronteira com o Brasil.

Na madrugada desta sexta-feira (3), Rosalino Casco, um dos líderes dos “carperos”, convocou homens, mulheres e crianças para a última reunião antes da invasão da fazenda do brasileiro Tranquilo Favero, apontado como o maior produtor de soja do Paraguai e acusado de estar nas terras em litígio. A promessa de uma definição sobre a área pelo governo paraguaio afastou temporariamente o ímpeto de invasão no acampamento Santa Lucía, na cidade de Ñacunday, onde cerca de 7 mil pessoas estão acampadas sem água, energia elétrica e com pouca comida.

“Vai haver uma análise integrada entre as diferentes instituições que têm algum tipo de jurisdição neste tema de maneira a termos uma só posição sobre este caso”, disse Miguel López Perito, chefe do Gabinete Civil da presidência paraguaia. Participam da reunião integrantes do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e Terra, do Ministério da Agricultura e Pecuária e do Ministério do Interior.

Outro líder do grupo de “carperos”, Victoriano López, diz que não há invasão programada, mas que os acampados não abrem mão das terras em litígio porque entendem que elas são por direito do povo paraguaio e que o clima de tensão pode levar a atitudes extremas de alguns grupos. “Não estamos incentivando ocupações das áreas vizinhas, mas se um grupo decidir invadir não tenho como evitar”, falou.

Desocupação

Um dos fatores que contribui para o clima de insegurança e tensão entre brasiguaios e os “carperos” é a possibilidade de desocupação e reintegração de posse da área em que o acampamento está instalado, que fica na divisa de duas fazendas pertencentes a brasileiros. O grupo chegou ao local em abril do ano passado, chegou a desocupá-lo pacificamente em julho, mas a área foi reocupada em seguida. Porém, inicialmente cerca de 200 pessoas integravam o grupo e atualmente aproximadamente 7 mil pessoas amontoam-se no local.

Jornais paraguaios destacaram nesta sexta que policiais estiveram no acampamento fazendo levantamento de informações para organizar uma possível reintegração de posse, determinada pela Justiça paraguaia no dia 19 de dezembro do ano passado. Porém, para realizar a desocupação o governo paraguaio utiliza normalmente dois policiais para cada pessoa acampada e pede que integrantes de comissões de Direitos Humanos e Direitos da Criança acompanhem o trabalho. Até o fim do dia desta sexta-feira, não havia mobilização policial para cumprir a ordem de reintegração. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Heliberton Cesca e Fabiula Wurmeister

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