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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Papa reúne-se com bispos da Irlanda sobre escândalo de pedofilia

Reuniões são as primeiras do tipo no Vaticano em oito anos. Na Irlanda, um padre admitiu ter abusado de mais de 100 crianças

O papa Bento 16 e bispos irlandeses vão se reunir nestas segunda e terça-feira em Roma para discutir planos de ação sobre um escândalo de pedofilia que erodiu a autoridade da Igreja na devota Irlanda católica.

As reuniões, as primeiras do tipo no Vaticano em oito anos, podem levar a mais renúncias de dignitários eclesiásticos em uma reformulação da hierarquia da Igreja na Irlanda. Quatro já renunciaram.

O papa, 24 bispos irlandeses e importantes autoridades do Vaticano devem participar de três reuniões em resposta à revolta na Irlanda sobre o relatório da Comissão Murphy, uma acusão formal incriminatória sobre abuso de crianças por padres no país.


O Vaticano informou que dezembro que o papa iria escrever ao povo irlandês sobre a crise, na primeira vez em que um papa redigiria um documento devotado apenas ao abuso de crianças por clérigos.

"Estamos pedindo para o papa Bento 16 para restaurar a honra à Irlanda que foi tão prejudicada por esses escândalos", afirmou John Kelly, fundador do grupo Sobreviventes Irlandeses de Abuso Infantil.

A Irlanda está em estado de choque desde a publicação em novembro do relatório, que afirma que a Igreja no país "obssessivamente" escondeu abusos a crianças na arquidiocese de Dublin de 1975 a 2004,e operou uma política de "não pergunte e não fale".

O documento sustenta que todos os bispos de Dublin durante o período avaliado tiveram conhecimento de algumas queixas, mas a arquidiocese se mostrou mais preocupada em proteger a reputação de Igreja que proteger as crianças.

Quatro bispos renunciaram de suas posições e o papa até agora aceitou apenas uma delas. O grupo de vítimas One in Four defendeu a saída de outros bispos da Irlanda que participaram do esquema de acobertamento.

O One in Four também reclama que o Vaticano e seu enviado à Irlanda "acharam correto se esconderem atrás de protocolos diplomáticos para evitarem cooperar com a Comissão Murphy". O Vaticano afirma que a comissão "não recorreu aos canais diplomáticos apropriados".

Grupos de vítimas afirmaram que vão buscar reparações monetárias, o que pode criar uma crise financeira para a Igreja na Irlanda.

Nos Estados Unidos, que foram atingidos por um escândalo de pedofilia por membros da Igreja em 2002, sete dioceses pediram proteção contra falência após a onda de milhares de queixas de abuso sexual abertas contra padres.

Na Irlanda, um padre admitiu ter abusado de mais de 100 crianças. Outro afirmou que abusou de crianças a cada duas semanas por mais de 25 anos. Fonte: Gazeta do Povo/Reuters

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