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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Richa supera apoio de Lula a Osmar e vence no 1.º turno

Com 3 milhões de votos, tucano paranaense se credencia a se tornar uma das principais lideranças nacionais do PSDB

O ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) superou a máquina pública dos governos federal e estadual e conseguiu se eleger governador do Paraná no primeiro turno. Ele recebeu 3.039.774 votos, o equivalente a 52,4% dos votos válidos. Com a vitória, ele mantém sua trajetória política nacional e pode se tornar um dos grandes nomes da oposição – caso a candidata Dilma Rousseff (PT) confirme a preferência do eleitorado e vença o segundo turno na disputa pela Presidência. Richa, entretanto, diz que não tem essa pretensão – ele se considera um “soldado” a serviço do PSDB.

O tucano aguardou a conclusão da apuração em sua casa. Pro­­clamado vitorioso, foi à sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e conversou com jornalistas, aparentando muita tranquilidade. “É um novo tempo no Paraná. Estamos renovando a política do estado. Virando a página da história e abrindo uma nova, com entendimento, com diálogo, com resultados, com democracia, com uma gestão moderna, respeitando a opinião de todo o nosso povo.”

O principal adversário de Richa, Osmar Dias (PDT), teve 2.645.113 dos votos (45,6%). O apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que contribuiu para o crescimento do pedetista nas últimas pesquisas de intenção de voto, se mostrou insuficiente.

O próximo governador do Paraná disse que esta campanha foi a mais acirrada que já disputou. “Não é fácil enfrentar o presidente da República, a candidata do PT, enfrentar os candidatos ao Senado”, afirmou. Para Richa, a máquina estadual e federal foi usada de “forma indiscriminada”.

Nas duas últimas semanas, cresceu a expectativa de uma possível virada de Osmar Dias, pois a coligação de Richa conseguiu que a Justiça impugnasse várias pesquisas de intenção de voto no Paraná. “A proibição da divulgação da pesquisa fazia crer que Osmar Dias poderia estar na frente. Pelo contrário, Beto venceu, e no primeiro turno”, diz a professora Celene Tonella, coordenadora do mestrado de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM). “Houve divergências na coligação de Richa. Primeiro o Ricardo Barros [candidato ao Senado] ameaçou rompimento. Alvaro Dias declarou voto no Osmar Dias. Parecia que a campanha estava fazendo água”, observa o cientista político Rudá Ricci, professor da PUC em Minas Gerais.

Expectativas

Apesar de vencer no primeiro turno, Richa não obteve o amplo apoio dos paranaenses, não conseguiu eleger os senadores de sua chapa (Gustavo Fruet e Barros), nem a maioria na Assembleia – o que pode mudar ao longo do mandato. “A questão da bancada é muito importante. Os acordos para fazer maioria são uma das coisas que mancham a política nacional”, avalia Celene, da UEM.

“A vitória em primeiro turno foi respeitável, mas ele precisa planejar como conquistar os quase 46% de eleitores que não votaram nele”, observa o cientista político Carlos Luiz Strapazzon. “Está na hora de termos um governo mais eficiente e transparente, preocupado com os resultados de seus programas. Se o Beto Richa conseguir fazer isso, vai trazer inspiração ao PSDB.”

Richa disse ontem que pretende priorizar a saúde e a segurança no governo, mas que irá precisar de “um certo tempo” para colocar as propostas em prática. A primeira ação será escolher a equipe de trabalho. O único nome do secretariado que Richa adiantou foi o do vice-governador eleito, Flávio Arns, para a Secretaria de Edu­­cação. Antes do resultado, o governado Orlando Pessuti (PMDB) disse que receberia hoje o governador e o vice eleitos para iniciar a transição do governo.

Liderança

Segundo Rudá Ricci, a vitória no Pa­­raná coloca Richa entre os expoentes da oposição, mas em um nível ainda bastante inferior ao do mineiro Aécio Neves – eleito para o Senado pelo PSDB de Minas Ge­­rais – e do tucano Geraldo Al­­ck­­min, governador eleito de São Pau­­lo. “O Aécio conseguiu uma grande vitória em Minas. Ele é o príncipe da oposição. Mas Richa se destaca porque venceu por méritos pró­­prios. Ele não teve padrinho po­­lítico e ainda teve algumas baixas durante a campanha”, acrescenta.

O pedido de impugnação de pesquisas, entretanto, causou grande repercussão negativa para Richa – inclusive nacional. Para Celene Tonella, o fato sempre será lembrado pelos adversários políticos. “Ele foi autoritário. Essas coisas marcam bastante.”

De acordo com a cientista política Maria Lúcia Victor Barbosa, o PSDB errou. “Mesmo que as pesquisas estivessem erradas, esse tipo de ato é pouco democrático. Claro que isso não o impede de ter uma grande projeção nacional. Mas, para isso, ele ainda vai ter de trabalhar bastante.” Rudá Ricci pondera que, no fim, Richa venceu, e isso foi o mais importante. Fonte: Gazeta do Povo

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