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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Interior paranaense tem 8 áreas críticas

Cinco cidades concentram as oito regiões do interior do Paraná em que o narcotráfico exerce forte controle sobre a comunidade. Foz do Iguaçu, Cascavel e Ponta Grossa têm, cada uma delas, duas áreas críticas onde a população local vive sob o domínio do medo. Outra fica em Londrina e mais uma em Sarandi, vizinha de Maringá. São zonas com pouca presença do Estado.

Em Foz do Iguaçu, as duas favelas mais vulneráveis ficam às margens do Rio Paraná. Elas não são grandes, mas têm posição estratégica na fronteira com o Paraguai. Na Favela do Bambu, formada há 15 anos e onde vivem 90 famílias, há pequenos portos para descarregar drogas do Paraguai.

Favela do Jupira, também em Foz, foi formada na década de 1970 em área de proteção ambiental e hoje tem 440 famílias. Há algumas ruas com calçamento e casas de alvenaria, algumas, inclusive, com piscinas. O lugar é um ponto de receptação de mercadorias e drogas do Paraguai. Parte dos moradores trabalha como “laranja” (atravessador de mercadorias na fronteira).

Cascavel

Em Cascavel, na Região Oeste, dois bairros concentram os pontos de tráfico. Os bairros Interlagos e Santa Cruz são responsáveis por mais da metade da distribuição de drogas na cidade. A PM diz que os dois bairros concentram a maior parte dos homicídios, um reflexo do tráfico. Desde o início do ano, 117 pessoas foram assassinadas em Cascavel.

“A gente percebe que o tráfico se estabelece por questões sociais. Faltam mais ações voltadas à comunidade”, avalia o tenente Wagner Blum, do 6.º Batalhão de Polícia Militar. Segundo ele, em Cascavel há uma característica diferenciada do tráfico de drogas.

Pela proximidade da fronteira, os traficantes costumam trazer pequenas quantidades de drogas e a revenda se dá nas chamadas bocas-de-fumo. Outra característica dos traficantes que revendem o entorpecente é que boa parte não usa armas. A PM tem aumentado a repressão ao tráfico, resultando no aumento de prisões (passando de 174, em 2008, para 276 este ano).

Ponta Grossa

Duas regiões de Ponta Grossa – o Campo do Fubá e a Vila Nova – são território onde o tráfico exerce seu domínio. “Durante o dia você não encontra uma alma viva nas ruas, mas à noite a coisa esquenta. A presença dos traficantes é comum”, diz uma comerciante do bairro Boa Vista, perto do Campo do Fubá. O medo é explícito. “Se você coloca o meu nome na reportagem, eles queimam tudo aqui e batem nas pessoas.”

Outra moradora do Campo do Fubá diz como é a rotina no lugar. “Ninguém (do poder público) vem aqui, não temos esgoto e nenhum outro serviço. A polícia aparece, mas não faz nada. Se eles não fazem, imagina a gente”, conforma-se. O movimento noturno é intenso no beco conhecido como cracolândia, como é chamada a Rua Cristiano Justus. “Vem um monte de carro bacana, parece até o Centro”, diz, sobre a clientela que chega em busca de drogas.

Mestrando em Ciências Sociais Aplicadas na Univer­sidade Esta­dual de Ponta Grossa, o pesquisador Elter Taetz Garcia diz que o tráfico é muito espalhado e os traficantes de regiões distintas sempre estão em conflito. “No entanto, nos dois últimos anos a prisão dos grandes chefes diluiu a criminalidade, pois não houve sucessores com a mesma capacidade de estratégia. Por isso, o tráfico em Ponta Grossa é mais de varejo”, avalia. Segundo ele, a Vila Nova, segunda região mais perigosa, apresenta peculiaridades que facilitam a atuação dos criminosos. “Está colada ao Centro, o que propicia o comércio ilegal.”

Segundo o delegado adjunto da 13.ª Subdivisão Policial, João Manoel Garcia Alonso Filho, não há área aonde a polícia não tenha acesso. “O aumento no número de homicídios não está ligado ao tráfico, e sim geralmente a desavenças familiares ou de pequenos grupos”, assegura. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Denise Paro, Luiz Carlos da Cruz e Ismael de Freitas

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