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quinta-feira, 4 de março de 2010

Em Maringá, Requião diz que rompimento não estremece relações com o PT

Requião e petistas não deixaram transparecer clima de abalo nas relações - Foto: Carlos Mariucci

O coro foi endossado pelo presidente estadual do partido, Enio Verri, durante solenidade de entrega de obras em Maringá. Ainda assim, Requião voltou a criticar abertamente o ministro Paulo Bernardo

Dois dias após o Partido dos Trabalhadores (PT) anunciar a saída do governo do Paraná e determinar que os secretários do partido deixassem os cargos, o clima entre os petistas e o governador Roberto Requião (PMDB) era de absoluta tranquilidade. Durante entrega de obras na Universidade Estadual de Maringá (UEM), na manhã desta quinta-feira (4), o governador passou o tempo todo acompanhado da secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lugia Pupatto (PT) e chegou a brincar com o deputado Enio Verri (PT), após este terminar o discurso. O clima amistoso, contudo, não impediu Requião de acusar novamente o Ministro do Planejamento Paulo Bernardo. “Eu fiz uma denúncia de uma maracutaia que me foi apresentada pelo ministro Paulo Bernardo. Uma coisa absolutamente imoral, que brasileiro nenhum pode aceitar”, afirmou.

Os petistas presentes pareceram não se incomodar com as alfinetadas do governador. Requião, por sua vez, deixou claro que a saída do partido do governo não significou um abalo nas relações. “Não acho que (o desligamento do governo) estremeça. Eu não tenho nada contra o PT. O PT foi meu aliado no governo e trabalhou muito bem. Agora, maracutaia no Paraná não”.

Para o presidente estadual do PT, Enio Verri, não existe motivo para que a situação cause um mal estar pessoal, mas disse que fica dividido na troca de farpas entre o governador o ministro do planejamento. “Fui chefe de gabinete do Paulo Bernardo e depois secretário de planejamento. Eu era o coordenador geral do governo e via o Requião todo dia. Não tenho nenhum problema pessoal com ele”, disse Verri.

A acusação do governador foi o motivo do rompimento com o PT. Paulo Bernardo, segundo Requião, teria proposto o superfaturamento de R$ 350 milhões da obra do desvio ferroviário entre Guarapuava e Ipiranga – projeto que nunca saiu do papel. O ministro sempre negou ter feito a proposta.

Em Maringá, nesta quinta, Requião ainda falou sobre os motivos das acusações que fez contra o ministro. “O Paulo Bernardo deu entrevista alegando que o governador estava impedindo investimentos (federais) no Paraná. Eu disse que esse tipo de investimento eu não aceitava”. O relato teria sido levado ao conhecimento do governo federal, que paralisou o processo para liberação de verba para o ramal ferroviário.

Transição

A solenidade em Maringá não deve ser a última vez em que Requião e os secretários petistas devem ser vistos juntos. Verri explicou que a orientação aos filiados foi para que “construam uma transição”. Sem indicar uma data limite, ele acredita que as demissões sejam apresentadas em até 15 dias.

Lygia Pupatto falou em tom saudosista. “Nesses quatro anos em que estou no governo, aprendi que é possível transformar sonhos em realidade. O tempo passa, e se a equipe não trabalhar a gente não consegue realizar”. Questionada se isso foi um discurso de despedida, a secretária lembrou que seu desligamento já estava previsto. “Eu ia sair dia 31 de março, pois sou candidata a deputada estadual. Um dia a mais ou um dia a menos não faz diferença”. Lygia antecipou que esse não foi seu último ato frente à secretaria. “Temos uma série de compromissos assumidos e que vamos cumprir por responsabilidade pública”.

Já Requião não vê pressa. “O PT disse que quer sair do governo, mas até agora não saiu ninguém. Vão sair comigo em abril”, falou, referindo-se ao prazo de desincompatibilização dos pré-candidatos. Fonte: Jornal de Maringá, reportagem de Hélio Strassacapa

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