Pesquisa feita por psicólogo em escola estadual da cidade constata que alunos não assumem um único papel: podem ser vítimas e também praticar violências intencionais e repetitivas
Vinícius, 10 anos, aluno da quinta série de uma escola pública em Maringá, é alvo de apelidos maldosos no colégio. O fato de o garoto estar um pouco acima do peso é o suficiente para que colegas de classe zombem dele. O pessoal da escola tira sarro até do sobrenome do garoto: Pessoa. A mãe de Vinícius, Sandra Pessoa, que é comerciante, diz que o filho reclama das ofensas.
“Ele se sente muito incomodado, mas eu estou alerta para caso aconteça algo mais grave”. Vinícius não está sozinho. Ele é mais uma vítima de bullying, um tipo de violência, sempre intencional e repetitiva, que acomete normalmente crianças em idade escolar. Um estudo feito com alunos de uma escola estadual de Maringá revelou que pelo menos 18% dos estudantes já haviam sido vítimas de bullying.
A pesquisa foi orientada pelo então professor de psicologia do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), Alex Eduardo Gallo, hoje docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Gallo explica que as agressões aos alunos acontecem na hora do intervalo, em pátios, corredores e banheiros, longe dos olhos dos supervisores. “O resultado da pesquisa mostrou que o bullying acontece com muita frequência, mas na maioria das vezes ocorre de forma velada”.
Vários papéis
Participaram do estudo 180 alunos de uma escola estadual de Maringá, matriculados entre quinta e oitava séries. A idade média dos estudantes era de 12,7 anos. Todos responderam a um questionário com 13 perguntas sobre bullying.
Pelas respostas dos alunos, foi possível constatar que 18% dos entrevistados já haviam sido vítimas de humilhações na escola. “Um dado importante foi que os estudantes não assumiram um único papel. Eles não eram só vítimas, testemunhas ou agressores. Muitas vezes, eles eram os três”. Entre os participantes da pesquisa, 16% disseram ser testemunhas, vítimas e agressores; 15% eram vítimas e testemunhas; e 38% apenas testemunhas.
As maiores vítimas do bullying são crianças tímidas, inseguras e com dificuldade de socialização. São meninas e meninos que, ao serem atacados, tendem a fugir ou chorar. A aparência física, o nível socioeconomico, a sexualidade e a etnia são os motivos mais comuns de gozações na escola.
A lista de razões para as zombarias é extensa: o fato de ser gordinho ou magro demais, usar óculos ou aparelho nos dentes, ser alto ou baixinho, morar na periferia, ser pobre ou rico, usar roupa curta ou decotada, ter sobrenome diferente, ser burro ou inteligente demais, ser homossexual. “Há piadinhas até sobre a etnia da criança”, conta o professor. “Principalmente se for negro ou oriental”.
Gallo alerta que as ofensas feitas durante a infância e adolescência são capazes de provocar evasão escolar, baixa autoestima, depressão e até atitudes extremas na fase adulta, como suicídio e assassinatos. O professor cita como grau máximo de sofrimento o caso da escola Columbine, em 1999, nos Estados Unidos, no qual dois jovens, vítimas de bullying no ambiente escolar, mataram 12 pessoas e depois se suicidaram.
As vítimas do bullying se calam diante da agressão e mostram-se indefesas. São poucas as que contam aos pais e aos professores. “Elas escondem as humilhações que sofrem por vergonha”, diz o psicólogo, que considera a omissão o primeiro erro do problema. “A melhor forma de evitar o bullying é torná-lo público.” Segundo ele, o indivíduo precisa superar o constrangimento e falar sobre o assunto com os pais e com a direção da escola. “Só assim será possível intervir, seja com uma conversa, seja com uma punição, como o afastamento do colégio”.
Silêncio imposto
O psicólogo Raymundo de Lima, doutor em Educação, diz que uma das explicações para o silêncio das vítimas está no agressor. “Ele impõe o silêncio à vítima para que ela não o denuncie à direção da escola e aos pais sob pena de piorar sua condição de discriminada.” De acordo com o especialista, os pais apenas tomam conhecimento do problema por meio dos efeitos e danos causados, como a resistência em ir à escola, queda no rendimento escolar, depressão e medos.
Para Lima, os valentões agridem as vítimas movidos por fmotivos psicológicos e educativos. Ele caracteriza os praticantes do bullying como pessoas mimadas, com pouca empatia e supervalorizadas pela postura intimidatória que têm. “Os pais se acovardam e incentivam. A atitude errada dos filhos se transforma em motivo de orgulho para a família”.
Sem motivação
O estudo, orientado Gallo, mostrou que 21% dos agressores achavam engraçado debochar e agredir o colega de escola. Quatorze porcento deles afirmaram que não havia motivo para a agressão e 16% agrediam como forma de castigo. Fonte: O Diário, reportagem de Carla Guedes
Vinícius, 10 anos, aluno da quinta série de uma escola pública em Maringá, é alvo de apelidos maldosos no colégio. O fato de o garoto estar um pouco acima do peso é o suficiente para que colegas de classe zombem dele. O pessoal da escola tira sarro até do sobrenome do garoto: Pessoa. A mãe de Vinícius, Sandra Pessoa, que é comerciante, diz que o filho reclama das ofensas.
“Ele se sente muito incomodado, mas eu estou alerta para caso aconteça algo mais grave”. Vinícius não está sozinho. Ele é mais uma vítima de bullying, um tipo de violência, sempre intencional e repetitiva, que acomete normalmente crianças em idade escolar. Um estudo feito com alunos de uma escola estadual de Maringá revelou que pelo menos 18% dos estudantes já haviam sido vítimas de bullying.
A pesquisa foi orientada pelo então professor de psicologia do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), Alex Eduardo Gallo, hoje docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Gallo explica que as agressões aos alunos acontecem na hora do intervalo, em pátios, corredores e banheiros, longe dos olhos dos supervisores. “O resultado da pesquisa mostrou que o bullying acontece com muita frequência, mas na maioria das vezes ocorre de forma velada”.
Vários papéis
Participaram do estudo 180 alunos de uma escola estadual de Maringá, matriculados entre quinta e oitava séries. A idade média dos estudantes era de 12,7 anos. Todos responderam a um questionário com 13 perguntas sobre bullying.
Pelas respostas dos alunos, foi possível constatar que 18% dos entrevistados já haviam sido vítimas de humilhações na escola. “Um dado importante foi que os estudantes não assumiram um único papel. Eles não eram só vítimas, testemunhas ou agressores. Muitas vezes, eles eram os três”. Entre os participantes da pesquisa, 16% disseram ser testemunhas, vítimas e agressores; 15% eram vítimas e testemunhas; e 38% apenas testemunhas.
As maiores vítimas do bullying são crianças tímidas, inseguras e com dificuldade de socialização. São meninas e meninos que, ao serem atacados, tendem a fugir ou chorar. A aparência física, o nível socioeconomico, a sexualidade e a etnia são os motivos mais comuns de gozações na escola.
A lista de razões para as zombarias é extensa: o fato de ser gordinho ou magro demais, usar óculos ou aparelho nos dentes, ser alto ou baixinho, morar na periferia, ser pobre ou rico, usar roupa curta ou decotada, ter sobrenome diferente, ser burro ou inteligente demais, ser homossexual. “Há piadinhas até sobre a etnia da criança”, conta o professor. “Principalmente se for negro ou oriental”.
Gallo alerta que as ofensas feitas durante a infância e adolescência são capazes de provocar evasão escolar, baixa autoestima, depressão e até atitudes extremas na fase adulta, como suicídio e assassinatos. O professor cita como grau máximo de sofrimento o caso da escola Columbine, em 1999, nos Estados Unidos, no qual dois jovens, vítimas de bullying no ambiente escolar, mataram 12 pessoas e depois se suicidaram.
As vítimas do bullying se calam diante da agressão e mostram-se indefesas. São poucas as que contam aos pais e aos professores. “Elas escondem as humilhações que sofrem por vergonha”, diz o psicólogo, que considera a omissão o primeiro erro do problema. “A melhor forma de evitar o bullying é torná-lo público.” Segundo ele, o indivíduo precisa superar o constrangimento e falar sobre o assunto com os pais e com a direção da escola. “Só assim será possível intervir, seja com uma conversa, seja com uma punição, como o afastamento do colégio”.
Silêncio imposto
O psicólogo Raymundo de Lima, doutor em Educação, diz que uma das explicações para o silêncio das vítimas está no agressor. “Ele impõe o silêncio à vítima para que ela não o denuncie à direção da escola e aos pais sob pena de piorar sua condição de discriminada.” De acordo com o especialista, os pais apenas tomam conhecimento do problema por meio dos efeitos e danos causados, como a resistência em ir à escola, queda no rendimento escolar, depressão e medos.
Para Lima, os valentões agridem as vítimas movidos por fmotivos psicológicos e educativos. Ele caracteriza os praticantes do bullying como pessoas mimadas, com pouca empatia e supervalorizadas pela postura intimidatória que têm. “Os pais se acovardam e incentivam. A atitude errada dos filhos se transforma em motivo de orgulho para a família”.
Sem motivação
O estudo, orientado Gallo, mostrou que 21% dos agressores achavam engraçado debochar e agredir o colega de escola. Quatorze porcento deles afirmaram que não havia motivo para a agressão e 16% agrediam como forma de castigo. Fonte: O Diário, reportagem de Carla Guedes
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