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sábado, 31 de julho de 2010

Corregedoria auditará diárias de viagem de cinco secretarias

Além da pasta da Educação, cuja sindicância interna apontou fraude no uso da verba, serão verificadas despesas da Saúde, Agricultura, Meio Ambiente e Trabalho

A Corregedoria-Geral do Estado, órgão do governo paranaense responsável por investigar possíveis irregularidades na administração pública estadual, iniciou ontem uma auditoria para apurar o esquema de fraude na concessão de diárias de viagens ocorrida na Superintendência de Desenvolvi­­­men­­to Educacional (Sude) – antiga Fundepar, órgão da Secretaria Estadual da Educação (Seed). A auditoria da Corregedoria também será realizada em outras quatro secretarias: Saúde, Agricultura, Meio Ambiente e Trabalho.

Uma sindicância interna da Secretaria da Educação, realizada em junho, revelou que as diárias de viagens eram desviadas e chegaram a ser usadas para pagar babá e consertar computadores e carros particulares de servidores da Sude, o órgão da Educação que faz as compras . De acordo com relatório obtido com exclusividade pela Gazeta do Povo, as irregularidades podem somar um desvio de R$ 800 mil no período compreendido entre janeiro de 2009 e maio de 2010.

A sindicância ocorreu após denúncias feitas por servidores da Sude, que descobriram por meio de pesquisas na internet que seus nomes estavam sendo usados indevidamente (eles não haviam viajado a trabalho, mas apareciam como beneficiários de diárias para esse fim). No total, 54 servidores foram ouvidos pela sindicância. Alguns admitiram ter entregues seus cartões corporativos com respectivas senhas a pedido de suas chefias imediatas. É com o cartão corporativo que os funcionários públicos sacam valores para as despesas necessárias para as viagens, como as diárias (para alimentação e hospedagem) e transporte. Outros servidores relataram para a sindicância que nem sequer tinham recebido cartões corporativos.

Quatro funcionários concursados da Educação respondem a procedimento administrativo devido à suspeita de fraude. Outros dois ex-servidores não efetivos, que tinham cargos comissionados, já foram exonerados.

Precaução

De acordo com o secretário especial de Corregedoria e Ouvidoria- Geral do Estado, Antonio Com­­­parsi de Mello, o governador Orlando Pessuti, determinou que o mesmo procedimento instaurado na Educação fosse estendido a outras secretarias que usam muitas diárias de viagens. “Nas outras secretarias vamos constatar se também há alguma irregularidade. É mais uma precaução”, disse ontem Comparsi de Mello. Na Educação, além da sindicância interna e da auditoria da Corregedoria, há uma investigação aberta pelo Minis­­­­tério Público Estadual para apurar a fraude com as diárias.

As investigações da Correge­­­­doria devem ser concluídas em 30 dias. Comparsi ressalta que a sindicância interna ocorrida na pasta da Educação foi preliminar. “Queremos ir mais a fundo. Vamos fazer um trabalho com pessoal especializado. Serão oito auditores. A ideia é que a auditoria da Corregedoria tenha um papel independente”, diz.

Ele ressalta ainda que serão investigadas as diárias de viagens desde o ano de 2007. A sindicância interna ocorrida na Educação apurou as viagens ocorridas apenas entre 2009 e maio de 2010.

Sem custo de transporte

A Gazeta do Povo também apurou, no relatório de despesas de viagens da Seed de janeiro a junho de 2009, que 53% das diárias pagas a servidores em suposto deslocamento não indicaram o custo de transporte – o que é autorizado pelo Decreto 3.498, assinado em 2004 pelo então governador Roberto Requião, mas que abre a possibilidade de que o servidor não precise prestar contas das despesas.

Entre janeiro e junho de 2009, a Seed gastou R$ 1,211 milhão com diárias de viagem. Desses, R$ 645,93 mil foram de diárias pagas sem indicação do meio de transporte usado no deslocamento. A fraude apurada na pasta da Educação ocorreu justamente em viagens realizadas com meio de transporte sem custo declarado para o estado.

Comparsi de Mello explicou ontem que é possível que os servidores viagem sem que apareça na prestação de contas o custo do transporte. “Pode ocorrer de cinco pessoas viajarem num carro e o gasto de combustível aparecer na prestação de contas de apenas uma”, diz.

O secretário da Corredoria ainda afirma que o sistema da Central de Viagens é eficiente, mesmo que Decreto 3.498 não exija a prestação de contas de transporte, alimentação e hospedagem. “A diária é de R$ 120. Não é um valor alto e é suficiente para que o servidor arque com o pagamento do hotel e duas refeições. Em algumas cidades, servidores reclamam que o valor é insuficiente. Se fosse exigido controle de notas precisaríamos de uma estrutura maior para conferência. No passado já tivemos problemas, mesmo com notas”, diz ele. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Tatiana Duarte

Pessuti
Ceder cartão a outro servidor será proibido

O governador do Paraná, Orlando Pessuti, deve determinar na segunda-feira a proibição do uso de cartão corporativo de um servidor estadual para o pagamento de viagens de outros, como ocorria na Secretaria da Educação. A informação é secretário especial da Corregedoria e Ouvidoria-Geral do Estado, Antonio Comparsi de Mello. “O cartão corporativo é para uso individual e há inclusive uma senha para que possa ser usado. Quem não tem cartão não poderá viajar”, disse ontem o secretário.

Ele explica ainda que a proibição demandará um controle interno ainda maior por parte de cada secretaria. “Não dá para admitir este tipo de exceção. O problema na Sude ocorreu por isso. Começaram a abrir exceção e perderam o controle”, afirma.

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