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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ordem para incendiar ônibus partiu de detentos da Casa de Custódia de Curitiba

Grupo que faria parte do PCC planejava incendiar um terceiro ônibus. Seis estão presos e polícia procura por outros três suspeitos - Polícia Civil
O segundo ônibus foi incendiado no dia 21 de junho

A ordem para que dois ônibus fossem incendiados em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, partiu de detentos que cumprem pena na Casa de Custódia de Curitiba. A informação foi revelada nesta sexta-feira (16), pelo delegado Osmar Dechiche, responsável pelas investigações. Três pessoas foram presas, acusadas de participação direta na execução dos atentados. Outras três continuam foragidas.

De acordo com a polícia, os atentados foram uma espécie de represália aos supostos maus tratos que o detento Paulo Monteiro estaria sofrendo na prisão. Além dele, outros dois presos teriam colaborado com a articulação dos incêndios: Eledionicio de Souza Lima, de 41 anos, e Lucas Lucio da Silva, de 25 anos. “Eles se intitulam integrantes da facção criminosa PCC [Primeiro Comando da Capital]. Vamos aprofundar as investigações para checar a veracidade desta informação”, disse o delegado.

O grupo estava articulando um terceiro atentado contra ônibus. De acordo com as investigações, o próximo veículo seria incendiado em Pinhais, também na região metropolitana. “Isso porque o Monteiro não estaria satisfeito com a repercussão que os dois primeiros incêndios tiveram. Ele queria mais barulho”, apontou Dechique.

A articulação

Da prisão, as ordens eram passadas a Valdenir Marques da Silva, de 21 anos, que é mulher de Monteiro e que foi presa na quinta-feira (15). Segundo Dechiche, ela repassou a missão de incendiar o ônibus a Rodrigo Monteiro de Oliveira, de 22 anos, que é sobrinho de Monteiro. O jovem teria chamado outras três pessoas para deflagrar os atentados.

Além de Oliveira, também foi preso Adriano Felipe de Jesus, de 22 anos. Segundo o superintendente da delegacia, José Carlos Colaço, uma queimadura na mão direita de um dos suspeitos ajudou a identificá-los. “No primeiro atentado, um dos bandidos teria sofrido uma queimadura ao atear fogo no ônibus. O ferimento nos ajudou nas investigações”, disse.

Os suspeitos foram indiciados por incêndio criminoso, formação de quadrilha e tentativa de homicídio (porque também atearam fogo no motorista que tentou impedir o crime). Estão foragidos Leon Ferreira de Araújo, de 24 anos, Robinson Mordizim Almeida, de 22 anos e um terceiro suspeito, identificado apenas como Fernando. Segundo a polícia, Araújo está em nas ruas desde o mês passado, depois de ter recebido liberdade provisória da Casa de Custódia, onde cumpria pena.


Homicida contumaz

De acordo com a polícia, Monteiro já cumpriu pena em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, por homicídio e roubo. Assim que entrou em liberdade, ele teria se mudado a São José dos Pinhais, com a promessa de eliminar 15 desafetos. De acordo com o delegado, Monteiro é acusado de 13 homicídios. Em seis casos, as investigações o apontam como autor. “Trata-se de um homicida contumaz e bastante frio”, classificou Dechiche.

Polícia havia descartado ligação com facção criminosa

Na última semana, a delegacia de São José dos Pinhais havia descartado a hipótese de que incêndio de um ônibus, ocorrido no dia 21 de junho, teria sido uma ação coordenada por alguma facção criminosa. Durante a ação, os incendiários deixaram um bilhete com a frase “Abaixo a opressão na Casa de Custódia CCC. Abuso de autoridade”, dando indícios de que a ordem havia partido de alguém de dentro do sistema prisional.

Na ocasião, Dechiche chegou a afirmar que o bilhete teria sido deixado pelos bandidos com o objetivo de confundir a polícia. Nesta sexta, o delegado afirmou que havia usado este argumento por estratégia de investigação. “Não poderíamos afirmar que estávamos investigando a relação com algum detento para não alertar os suspeitos. Além disso, não convém chamar a atenção para este tipo de ação criminosa”, disse.

Casos

O primeiro atentado aconteceu no dia 6 de maio, quando um ônibus da linha Pedro Moro foi incendiado no bairro Quississana , no bairro Quississana, no dia 6 de maio. O motorista do veículo, Ricardo Scamila, de 44 anos, teve cerca de 30% do seu corpo queimado por dois homens.

De acordo com a polícia, os bandidos atearam fogo em Scamila, porque ele tentou defender o patrimônio da empresa na qual trabalhava. “Ele tentou impedir o incêndio e, por isso, foi atacado”, disse o delegado.

Outro veículo foi incendiado no dia 21 de junho. O atentado ocorreu na Rua Dr. Muricy, no bairro Costeira. Imagens captadas por câmeras de segurança da Guarda Municipal ajudaram a polícia a identificar o número de pessoas que participaram do atentado e os veículos usados por elas.

Ônibus queimados em Londrina e região

Quatro atentados a ônibus foram registrados em Londrina, no Norte do Paraná, e região no mês de abril. Três dos quatro ônibus foram incendiados em Londrina, nos dias 8 e 9 de abril. De acordo com o inquérito policial, os atentados foram represálias de “amigos” de presos do Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) que teriam direito à progressão para o regime semiaberto.

O quarto ônibus foi queimado em Ibiporã, na região metropolitana de Londrina, em 28 de abril. O atentando teria ocorrido por causa da prisão de um traficante da cidade. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Fernanda Trisotto e Felippe Aníbal

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