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sábado, 2 de julho de 2011

A surpresa da matemática

Matt Damon em cena do filme Gênio Indomável, de 1997, sobre um jovem de origem humilde que trabalha como zelador e demonstra ter um talento extraordinário para a matemática

Museu a ser inaugurado em Nova York quer dissipar a má reputação que a maioria das pessoas atribui à ciência dos números

Para todos que acham a matemática incompreensível, chata, inútil ou todas as anteriores, Glen Whitney quer provar o contrário. Ele acredita que dezenas de mi­­lhares de visitantes aparecerão em seu Museu da Matemática, o MoMath, que deverá abrir no ano que vem em Nova York, e sairão revigorados pela geometria, pelos números e muitas outras noções matemáticas.

“Queremos expor a amplitude e a beleza da matemática”, afirmou Whitney, ex-professor de Matemática que transformou suas habilidades quantitativas num emprego em Long Island relacionado a fundos de investimentos.

Ele largou no final de 2008 o trabalho, ligado a pessoas endinheiradas e com a meta de tornar a matemática divertida e descolada. Há dois anos, ele e sua equipe desenvolveram uma exposição itinerante chamada de Math Mid­­way, uma prova de conceito para a ideia do museu.

Ela inclui um triciclo com ro­­das quadradas de diferentes ta­­manhos, que os visitantes podem pilotar suavemente por um caminho circular, sulcado como a pétala de uma flor. Uma placa ao lado explica por que: a superfície circular ondulada sobe e desce exatamente para compensar o estranho formato das rodas, de forma que os eixos do triciclo – e seu piloto – permanecem na mesma altura enquanto se mo­­vem. Whitney espera que adereços coloridos e interativos ajudarão sua causa.

“Se abordarmos pessoas na rua perguntando ‘que adjetivos você usaria para descrever a ma­­temática?’, poucos diriam que a matemática é ‘linda’”, afirmou Whitney. Sua visão atraiu grandes contribuições.

Fundos

O museu, que ficará no número 11 da Rua 26, levantou US$ 22 mi­­lhões, incluindo US$ 2 milhões do Google e muito dinheiro de doadores individuais (sim, há algum dinheiro de fundos de investimentos ali).

Ainda não se sabe se um mu­­seu de matemática pode dar certo. Não existe nenhum nos Esta­­dos Unidos e o único e pequeno que existia, em Long Island, fe­­chou em 2006.

Há diversos museus de ciência que cobrem tópicos de matemática, mas o museu de Whitney será desprovido de dinossauros e planetários, focando no abstrato.

“Eles são um grupo de idealistas dedicados”, disse Sylvain E. Cappell, matemático da Uni­­ver­­sidade de Nova York e membro do conselho consultivo de museus, sobre Whitney e sua equipe.

Ainda sem o museu, Whitney conduz periodicamente passeios guiados para apontar as maravilhas matemáticas que podem ser vistas em Manhattan. Aos 42 anos, ele exala um entusiasmo pueril quando fala sobre galhos de árvores que se cruzam em ângulos retos, ou mostra que os parafusos dos hidrantes de Nova York são pentagonais – em vez da variedade mais comum, com seis lados.

Há três anos, ele trabalhava com algoritmos na Renaissance Technologies, uma empresa de investimentos privados que usa modelos matemáticos para escolher onde investir o dinheiro.

Redenção

Depois de uma década ali, ele começou a buscar um novo caminho de carreira “com um valor socialmente redentor mais direto”, conforme sua explicação. Então, ele soube que o museu de matemática em Long Island, chamado Goudreau, havia fechado.

Começou a pensar que deveria existir um museu da matemática e que ele deveria ser seu criador. “Eu realmente senti que havia encontrado meu propósito”, disse Whitney. “Não pretendo ser pomposo, mas aquilo era algo que realmente se encaixava com toda a minha vida de experiências, habilidades, gostos e aí por diante”.

Em sua visão, o MoMath será uma pequena forma de reforçar o ensino de matemática nos EUA. Fonte: Kenneth Chang, The New York Times via Gazeta do Povo

Origem
Paixão pela ciência começou com acidente

Com o MoMath, o Museu da Matemática, Glen Whitney espera que a “fagulha” de interesse do visitante possa “se incendiar”.

Para o criador do projeto, a “fagulha” veio após uma fratura na clavícula. Aos 14 anos, ele participou de um acampamento matemático da Ohio State University – sua chance de escapar de casa no verão, mas não para aprender matemática, um assunto que considerava tedioso e simples.

Durante uma partida de futebol, ele colidiu com alguém maior e acabou se machucado. Sem nada melhor para fazer, examinou os grupos de problemas que vinha ignorando. Os problemas eram diferentes daqueles da escola, abrangendo diferentes ramos da matemática e destacando as conexões entre eles.

“Apaixonei-me pela matemática naquele verão e desde então tive um caso de amor infinito”, afirmou ele. Após se formar em Matemática em Harvard e obter seu doutorado na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, ele lecionou na Universidade de Michigan antes de entrar para a Renaissance Technologies.

Ele trabalha num modesto escritório em Midtown, recheado de enigmas matemáticos e esculturas, onde ele e uma equipe de 20 pessoas debatem sobre exposições para o museu – que, atualmente, corresponde a um espaço vazio de 1.800 metros quadrados.

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