Escolha de secretário-geral obedece a rodízio entre continentes e privilegia reeleição do atual ocupante do cargo
Apesar de o acordo nuclear iraniano costurado pelo Brasil não ter conseguido derreter corações e encantar mentes no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), serviu para realimentar as especulações sobre uma possível candidatura de Lula ao secretariado-geral da ONU.
O próprio presidente jamais confirmou a intenção de concorrer, porém vários chefes de Estado disseram apoiá-lo, e órgãos de imprensa estrangeiros noticiaram negociações de bastidor para que Lula possa substituir o sul-coreano Ban Ki-moon, cujo mandato termina em 2011.
Reportagem publicada em março pelo jornal britânico The Times afirmava que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, é o orquestrador da candidatura Lula. O petista também recebeu o apoio explícito do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates. Em entrevista à RedeTV! exibida no domingo passado, Sócrates disse que “estaria na primeira fila” dos apoiadores a uma possível candidatura de Lula ao posto mais alto da ONU.
Em uma espécie de pré-campanha velada, o presidente brasileiro tem feito comentários sobre a atuação das Nações Unidas. “A ONU, como está, representa muito pouco. Se continuar assim débil, nunca vai servir corretamente ao governo global que se necessita dela”, declarou Lula em entrevista ao jornal espanhol El País.
Para o sociólogo Gustavo Biscaia de Lacerda, professor da Universidade Tuiuti do Paraná, a escalada de Lula na política global depende de fatores externos. “Antes de se aventar essa possibilidade, é preciso ver se o contexto internacional permite uma candidatura de Lula à ONU. A atuação de um secretário-geral é sempre delicada, porque ele não é um governante mas um intermediador. O atual secretário, Ban Ki-moon, não é muito ativo, mas não se tornou um incômodo para o Conselho de Segurança, então não haveria motivos para ele sair”, analisa.
Obstáculos
Para conquistar o objetivo internacional, Lula precisa vencer alguns obstáculos protocolares. O mais imediato deles é a disponibilidade da vaga. Ban Ki-moon foi eleito em 2006 para um mandato de cinco anos, e tem direito a concorrer à reeleição em 2011.
Tradicionalmente, os secretários concorrem a um novo mandato, e a eleição se torna apenas uma formalidade. Além disso, os candidatos a secretário-geral são pré-selecionados a partir de um rodízio entre os continentes. Mesmo que Ban não prossiga como chefe da ONU, a Ásia teria então o direito de indicar um outro nome para substituí-lo no próximo mandato.
Lula também perde pontos por ter posição definida sobre questões controversas. As tendências pró-Palestina de Lula no impasse com Israel, a simpatia pelo regime cubano dos irmãos Castro e defesa do programa nuclear iraniano provocam desgaste perante o Conselho de Segurança.
O colunista Andres Oppenheimer, do jornal norte-americano Miami Herald, escreveu em artigo: “Não há nada de errado em uma potência emergente como o Brasil tentar resolver grandes crises internacionais, apesar de Lula ter um histórico lamentável de sempre partir para o resgate de alguns dos ditadores mais implacáveis do mundo. Eu gostaria muito de ver o Brasil assumindo riscos para apoiar a democracia e os direitos humanos.”
Uma alternativa para Lula iniciar a carreira diplomática internacional apontada por analistas internacionais é ocupar a direção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), com sede em Roma. O atual ocupante do cargo, o senegalês Jacques Diouf, está à frente do órgão desde 1994 e planeja se aposentar em breve. O respeito internacional ao programa Bolsa Família é um ponto a favor do presidente brasileiro. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Osny Tavares
Apesar de o acordo nuclear iraniano costurado pelo Brasil não ter conseguido derreter corações e encantar mentes no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), serviu para realimentar as especulações sobre uma possível candidatura de Lula ao secretariado-geral da ONU.
O próprio presidente jamais confirmou a intenção de concorrer, porém vários chefes de Estado disseram apoiá-lo, e órgãos de imprensa estrangeiros noticiaram negociações de bastidor para que Lula possa substituir o sul-coreano Ban Ki-moon, cujo mandato termina em 2011.
Reportagem publicada em março pelo jornal britânico The Times afirmava que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, é o orquestrador da candidatura Lula. O petista também recebeu o apoio explícito do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates. Em entrevista à RedeTV! exibida no domingo passado, Sócrates disse que “estaria na primeira fila” dos apoiadores a uma possível candidatura de Lula ao posto mais alto da ONU.
Em uma espécie de pré-campanha velada, o presidente brasileiro tem feito comentários sobre a atuação das Nações Unidas. “A ONU, como está, representa muito pouco. Se continuar assim débil, nunca vai servir corretamente ao governo global que se necessita dela”, declarou Lula em entrevista ao jornal espanhol El País.
Para o sociólogo Gustavo Biscaia de Lacerda, professor da Universidade Tuiuti do Paraná, a escalada de Lula na política global depende de fatores externos. “Antes de se aventar essa possibilidade, é preciso ver se o contexto internacional permite uma candidatura de Lula à ONU. A atuação de um secretário-geral é sempre delicada, porque ele não é um governante mas um intermediador. O atual secretário, Ban Ki-moon, não é muito ativo, mas não se tornou um incômodo para o Conselho de Segurança, então não haveria motivos para ele sair”, analisa.
Obstáculos
Para conquistar o objetivo internacional, Lula precisa vencer alguns obstáculos protocolares. O mais imediato deles é a disponibilidade da vaga. Ban Ki-moon foi eleito em 2006 para um mandato de cinco anos, e tem direito a concorrer à reeleição em 2011.
Tradicionalmente, os secretários concorrem a um novo mandato, e a eleição se torna apenas uma formalidade. Além disso, os candidatos a secretário-geral são pré-selecionados a partir de um rodízio entre os continentes. Mesmo que Ban não prossiga como chefe da ONU, a Ásia teria então o direito de indicar um outro nome para substituí-lo no próximo mandato.
Lula também perde pontos por ter posição definida sobre questões controversas. As tendências pró-Palestina de Lula no impasse com Israel, a simpatia pelo regime cubano dos irmãos Castro e defesa do programa nuclear iraniano provocam desgaste perante o Conselho de Segurança.
O colunista Andres Oppenheimer, do jornal norte-americano Miami Herald, escreveu em artigo: “Não há nada de errado em uma potência emergente como o Brasil tentar resolver grandes crises internacionais, apesar de Lula ter um histórico lamentável de sempre partir para o resgate de alguns dos ditadores mais implacáveis do mundo. Eu gostaria muito de ver o Brasil assumindo riscos para apoiar a democracia e os direitos humanos.”
Uma alternativa para Lula iniciar a carreira diplomática internacional apontada por analistas internacionais é ocupar a direção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), com sede em Roma. O atual ocupante do cargo, o senegalês Jacques Diouf, está à frente do órgão desde 1994 e planeja se aposentar em breve. O respeito internacional ao programa Bolsa Família é um ponto a favor do presidente brasileiro. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Osny Tavares
Nenhum comentário:
Postar um comentário