Iraniano Mahmoud Ahmadinejad comemora assinatura de acordo nuclear com Luiz Inacio Lula da Silva, e o turco Recep Erdogan. Foto: Vahid Salemi/AP
O Irã assinou na manhã desta segunda-feira, ao lado de Brasil e Turquia, o acordo de troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear negociado neste fim de semana.
O documento, um marco nas negociações sobre o controverso programa nuclear de Teerã, ainda é visto com ceticismo por Israel e pelas potências ocidentais.
Muitos duvidam que um país como Irã, que desafia as sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e resiste a permitir examinadores internacionais em suas usinas nucleares, vai se ater aos termos do acordo.
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou em Teerã que o acordo não foi discutido com as potências, mas cumpre as determinações da proposta mediada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em outubro passado, e que o Irã rejeitou.
O acordo determina que o Irã envie 1.200 quilos de seu urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 120 quilos de urânio enriquecido a 20% na Rússia ou França --suficiente para a produção de isótopos médicos em seus reatores e muito abaixo dos 90% necessários para uma bomba. O urânio enriquecido seria devolvido ao Irã no prazo de um ano.
A troca acontecerá na Turquia, país com proximidades com Ocidente e Irã, e sob supervisão da AIEA e vigilância iraniana e turca.
Os presidentes Mahmoud Ahmadinejad e Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, decidiram enviar a proposta no prazo de uma semana para a AIEA.
Israel analisa com ceticismo o acordo. Fontes oficiais israelenses disseram à agência de notícias Efe que o Irã já aceitara uma oferta muito parecida "e depois, na hora de passar à ação, a rejeitou. É preciso examinar isto, portanto, com ceticismo".
"Pode ser que desta vez o Irã tenha decidido mudar sua política, ou que tenha manipulado a Turquia e o Brasil, explorando as boas intenções e a inexperiência diplomática brasileira em assuntos do Oriente Médio", disseram as fontes.
Pela proposta das potências em outubro passado, o Irã embarcaria 70% do seu estoque de urânio baixamente enriquecido, que seria convertido na França ou Rússia em cápsulas de combustível compatíveis para produção de isótopos de uso médico.
Teerã recusou a proposta dizendo que o projeto de acordo não apresentava as garantias necessárias para a entrega do combustível. Depois disso, o país apresentou uma contraproposta para um intercâmbio gradual.
A classe política e, em particular o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, adverte do perigo que o Irã adquira capacidade de produzir armas nucleares e pede à comunidade internacional que tome medidas pela desnuclearização de Teerã.
Já o governo da Alemanha destacou nesta segunda-feira que nada pode substituir um acordo entre Teerã e a AIEA.
"Continua sendo importante que Irã e AIEA cheguem a um acordo", declarou o porta-voz adjunto do governo da Alemanha, Christoph Steegmans. "Isto não pode ser substituído por um acordo com outros países", completou.
Sanções
Amorim e seu colega turco, Ahmet Davutoglu, disseram nesta segunda-feira que o acordo nuclear fecha o caminho para a possibilidade que a comunidade internacional imponha novas sanções ao regime iraniano.
Com a paralisação das negociações no ano passado, o Irã anunciou que começou a enriquecer o urânio a 20% em fevereiro, mesmo diante da repreensão das potências. Desde então, os EUA lideram uma campanha por uma nova rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU, à qual o Brasil se opõe.
Em entrevista coletiva em Teerã, Amorim assegurou que o compromisso adquirido pelas autoridades iranianas fecha a porta para novas sanções.
Além disso, o chefe da diplomacia brasileira acrescentou que este acordo representa o princípio para abordar outras questões sobre o conflito nuclear.
Amorim destacou que é a primeira vez que o Irã se compromete por escrito a enviar urânio ao exterior para recuperá-lo tempo depois, como já propuseram Rússia, Estados Unidos e Reino Unido em novembro do ano passado.
Nesta ocasião, explicou o ministro brasileiro, o Irã recebeu as garantias que pedia para fechar um acordo.
Lula está há dois dias em visita oficial no Irã e hoje participará da inauguração da 14ª Cúpula do G15 (grupo dos 15 países em desenvolvimento), na capital iraniana. Fonte: Folha Online com agências internacionais
O Irã assinou na manhã desta segunda-feira, ao lado de Brasil e Turquia, o acordo de troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear negociado neste fim de semana.
O documento, um marco nas negociações sobre o controverso programa nuclear de Teerã, ainda é visto com ceticismo por Israel e pelas potências ocidentais.
Muitos duvidam que um país como Irã, que desafia as sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e resiste a permitir examinadores internacionais em suas usinas nucleares, vai se ater aos termos do acordo.
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou em Teerã que o acordo não foi discutido com as potências, mas cumpre as determinações da proposta mediada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em outubro passado, e que o Irã rejeitou.
O acordo determina que o Irã envie 1.200 quilos de seu urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 120 quilos de urânio enriquecido a 20% na Rússia ou França --suficiente para a produção de isótopos médicos em seus reatores e muito abaixo dos 90% necessários para uma bomba. O urânio enriquecido seria devolvido ao Irã no prazo de um ano.
A troca acontecerá na Turquia, país com proximidades com Ocidente e Irã, e sob supervisão da AIEA e vigilância iraniana e turca.
Os presidentes Mahmoud Ahmadinejad e Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, decidiram enviar a proposta no prazo de uma semana para a AIEA.
Israel analisa com ceticismo o acordo. Fontes oficiais israelenses disseram à agência de notícias Efe que o Irã já aceitara uma oferta muito parecida "e depois, na hora de passar à ação, a rejeitou. É preciso examinar isto, portanto, com ceticismo".
"Pode ser que desta vez o Irã tenha decidido mudar sua política, ou que tenha manipulado a Turquia e o Brasil, explorando as boas intenções e a inexperiência diplomática brasileira em assuntos do Oriente Médio", disseram as fontes.
Pela proposta das potências em outubro passado, o Irã embarcaria 70% do seu estoque de urânio baixamente enriquecido, que seria convertido na França ou Rússia em cápsulas de combustível compatíveis para produção de isótopos de uso médico.
Teerã recusou a proposta dizendo que o projeto de acordo não apresentava as garantias necessárias para a entrega do combustível. Depois disso, o país apresentou uma contraproposta para um intercâmbio gradual.
A classe política e, em particular o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, adverte do perigo que o Irã adquira capacidade de produzir armas nucleares e pede à comunidade internacional que tome medidas pela desnuclearização de Teerã.
Já o governo da Alemanha destacou nesta segunda-feira que nada pode substituir um acordo entre Teerã e a AIEA.
"Continua sendo importante que Irã e AIEA cheguem a um acordo", declarou o porta-voz adjunto do governo da Alemanha, Christoph Steegmans. "Isto não pode ser substituído por um acordo com outros países", completou.
Sanções
Amorim e seu colega turco, Ahmet Davutoglu, disseram nesta segunda-feira que o acordo nuclear fecha o caminho para a possibilidade que a comunidade internacional imponha novas sanções ao regime iraniano.
Com a paralisação das negociações no ano passado, o Irã anunciou que começou a enriquecer o urânio a 20% em fevereiro, mesmo diante da repreensão das potências. Desde então, os EUA lideram uma campanha por uma nova rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU, à qual o Brasil se opõe.
Em entrevista coletiva em Teerã, Amorim assegurou que o compromisso adquirido pelas autoridades iranianas fecha a porta para novas sanções.
Além disso, o chefe da diplomacia brasileira acrescentou que este acordo representa o princípio para abordar outras questões sobre o conflito nuclear.
Amorim destacou que é a primeira vez que o Irã se compromete por escrito a enviar urânio ao exterior para recuperá-lo tempo depois, como já propuseram Rússia, Estados Unidos e Reino Unido em novembro do ano passado.
Nesta ocasião, explicou o ministro brasileiro, o Irã recebeu as garantias que pedia para fechar um acordo.
Lula está há dois dias em visita oficial no Irã e hoje participará da inauguração da 14ª Cúpula do G15 (grupo dos 15 países em desenvolvimento), na capital iraniana. Fonte: Folha Online com agências internacionais
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