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domingo, 30 de agosto de 2009

Em clima de comício, Marina Silva filia-se ao PV sob olhares otimistas de militantes 'verdes'

Conhecida principalmente por sua atuação na área do meio ambiente, a ex-ministra tem uma postura conservadora em relação a outros temas, como a descriminalização do aborto

Com direito a plateia de cerca de mil pessoas e clima de comício, a senadora Marina Silva (AC) assinou neste domingo (30) sua filiação ao PV (Partido Verde), em cerimônia realizada durante encontro nacional do partido, em uma casa de eventos na zona oeste de São Paulo.

Após ouvir dos militantes do PV o canto "Brasil, Urgente, Marina Presidente", a senadora iniciou o seu discurso, que durou aproximadamente 40 minutos.

Logo no início, fez uma referência à sua história no antigo partido. "Não foi fácil chegar até aqui. Tenho 30 anos de militância no PT. Nesses anos, aprendemos muito, sonhamos muito, mas passamos muitos constrangimentos por causa de poucos."

Em seguida, Marina falou sobre a sua entrada no PV. "Não se tratava mais de continuar para fazer um embate e convencer o PT do desenvolvimento sustentável. Trata-se de fazer agora um encontro com aqueles que já estão convencidos disso."

E acrescentou. "Estou saindo da minha casa para fazer outra casa, talvez morando na mesma rua", sinalizando que sua saída do PT não significa um total rompimento com a legenda.


A senadora chegou a chorar em alguns momentos de sua fala e fez referências a Guimarães Rosa, Santo Agostinho e Chico Mendes para falar do novo momento que enfrenta.

Marina deixou o PT na semana passada e agora discute sua possível candidatura à Presidência da República pelo PV. Depois de anunciar sua saída do PT, a senadora divulgou carta enviada à presidência do partido na qual afirma que a decisão foi tomada por conta das dificuldades em fazer o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se preocupar tanto quanto deveria com as questões ambientais.

Discursos
Durante o evento de hoje, líderes do PV tomaram a palavra e discursaram em tom de otimismo. O deputado federal Fernando Gabeira (RJ), um dos fundadores do PV, disse que o partido começará um novo programa a partir da chegada da senadora do Acre à sigla.

"Nós vamos começar um novo programa. Vamos tentar ser mais rigorosos com os candidatos nos Estados. Queremos candidaturas mais expressivas."

Com Marina, disse Gabeira, o PV deverá obter mais unidade em seu programa. "Eu acho que a chegada dela [Marina] vai contribuir muito para que a gente possa corrigir os erros do passado", afirmou o deputado, durante cerimônia de filiação da senadora do Acre ao PV.

O presidente nacional do PV, José Luiz de França Penna, afirmou que a ligação da senadora Marina Silva com o Partido Verde existe há muito tempo. "Ela sempre teve um pé aqui, desde a época de Chico Mendes."

O líder do PV disse também que a decisão de a sigla ter uma candidatura própria à Presidência da República é do partido.

Apesar de tudo indicar que Marina irá se candidatar, Penna ainda não dá como certo o nome da senadora. "Quanto à Marina ser candidata, depende do conforto dela", disse.

Penna afirmou ainda que será candidato a deputado federal pela sigla.

Trajetória

Nascida com o nome de Maria Osmarina Silva de Lima, Marina Silva exerce seu segundo mandato no Senado. Foi eleita pela primeira vez em 1994, aos 36 anos, e naquele mesmo ano se tornou nome natural do PT para a pasta do meio ambiente no caso de vitória de Lula, o que aconteceu em 2002.

Ela nasceu em uma família pobre no seringal Bagaço, a 70 km de Rio Branco. Dos onze filhos do casal Pedro Augusto e Maria Augusta, três morreram ainda pequenos. A senadora se tornou a segunda mais velha entre os oito sobreviventes, sete mulheres e um homem. Trabalhou como empregada doméstica e seringueira para ajudar a família e custear seu tratamento de hepatite, doença que contraiu ainda jovem.

Estudante de cursos supletivos, Marina só foi alfabetizada quando adolescente. Depois, graduou-se em História pela Universidade Federal do Acre, onde descobriu o marxismo na década de 1980. Foi ali que entrou para o Partido Revolucionário Comunista (PRC), grupo semi-clandestino de oposição ao Regime Militar (1964-1985). Começou a dar aulas de História e a frequentar as reuniões do movimento sindical dos professores.

Ao lado de Chico Mendes, Marina assumia na maior parte do tempo a liderança do movimento sindical no Estado. E foi para ajudá-lo na candidatura a deputado estadual que ela passou a oficialmente integrar o PT, em 1985.

Em 1988, foi eleita como a vereadora mais votada para a Câmara Municipal de Rio Branco, a única declaradamente de esquerda. Dois anos depois, foi eleita deputada federal.

No final do primeiro ano de mandato, Marina passou mal após uma viagem ao interior e teve de ser hospitalizada. Começou um longo período de sofrimento que só foi amenizado com a vinda dela para São Paulo, onde recorreu à ajuda de Lula, José Genoíno e outros líderes do PT para conseguir um melhor tratamento e exames mais completos. O diagnóstico foi de contaminação por metais.

Recuperada, disputou e venceu a eleição para o Senado Federal, onde tinha interlocução até com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e com o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães, adversários políticos do PT.

Marina Silva foi casada duas vezes e tem quatro filhos. Fonte: Uol Notícias

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