O Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito afirmou nesta sexta-feira que não pretende substituir "a legitimidade desejada pelo povo" egípcio e que irá anunciar em breve medidas para uma fase de transição no país.
A afirmação foi feita em breve comunicado na emissora de TV estatal, horas depois de o vice-presidente do país, Omar Suleiman, ter anunciado a renúncia do ditador Hosni Mubarak, que ficou 30 anos no poder.
Na nota, a cúpula militar, que comandará a transição até realização de eleições, elogia ainda a saída de Mubarak, dizendo que a medida está de acordo com "os interesses do país". Os militares também saudaram os "mártires que perderam suas vidas" durante os violentos confrontos e protestos, que entraram hoje no 18º dia.
"Sabemos a extensão da gravidade e da seriedade desse assunto e as demandas do povo para iniciar mudanças radicais", dizia o texto. "O Conselho Supremo das Forças Armadas está estudando o tema para atingir as esperanças de nosso grande povo."
"O conselho irá soltar um comunicado detalhando os passos e procedimentos e diretivas que serão tomadas, confirmando ao mesmo tempo que não há nenhuma alternativa para a legitimidade aceitável pelo povo."
Na nota, o conselho também cumprimentou Mubarak "por tudo o que deu ao país em tempos de guerra e paz, e por seu patriotismo, priorizando os mais altos interesses da nação".
NOVO LÍDER
O ministro de Defesa do Egito, Mohamed Hussein Tantawi, deve ser o novo chefe de governo. Segundo a agência de notícias Reuters, que cita fontes militares, Tantawi é o chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, a quem Mubarak entregou a administração do país.
Ele fez um tour pela área do palácio presidencial que pertencia a Mubarak nesta sexta-feira, de acordo com a rede de TV Al Arabyia.
Anteriormente, o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, anunciou a saída do ditador e disse que o poder foi entregue às Forças Armadas. "O presidente Hosni Mubarak decidir renunciar como presidente do Egito", disse Suleiman, em um breve anúncio, acrescentando que a decisão foi tomada diante das "difíceis circunstâncias pelas quais o país passa".
Autoridades dos Estados Unidos veem Tantawi como um aliado empenhado em evitar uma nova guerra contra Israel, mas no passado o criticaram reservadamente por ser resistente a mudanças políticas e econômicas. Ele conversou por telefone em cinco ocasiões com o secretário americano de Defesa, Robert Gates, desde o início da crise, em 25 de janeiro. A última conversa ocorreu nesta quinta-feira à noite.
As relações com o Exército egípcio são tradicionais e importantes para Washington, que fornece cerca de US$ 1,3 bilhão por ano em ajuda militar ao país.
Fontes do Pentágono se mantêm mudas a respeito das discussões entre Tantawi e Gates, mas o secretário de Defesa tem feito elogios públicos aos militares egípcios por serem uma força estabilizadora em meio à crise. Na terça-feira, Gates disse que os militares do Egito haviam dado "uma contribuição à democracia".
Mas, reservadamente, autoridades dos EUA caracterizam Tantawi como alguém "relutante com mudanças" e desconfortável com a ênfase americana no combate ao terrorismo, segundo um documento de 2008 do Departamento de Estado, divulgado pelo site WikiLeaks.
Tantawi, 75, serviu em três conflitos contra Israel - na crise de Suez, em 1956, e nas guerras de 1967 e 73.
O comunicado interno do Departamento de Estado dizia que o comandante estava "comprometido em prevenir que outra [guerra] aconteça um dia".
Apesar disso, diplomatas alertaram, antes de uma visita dele a Washington em 2008, que as autoridades dos EUA deveriam se preparar para encontrar "um Tantawi envelhecido e resistente a mudanças".
"Charmoso e cortês, ele está, não obstante, preso a um paradigma militar pós-Camp David, que tem servido aos estreitos interesses da sua corte nas últimas três décadas", dizia o documento, referindo-se ao acordo de paz entre Egito e Israel, assinado em 1979 na residência de veraneio da Presidência americana.
Washington há muito tempo cobrava mudanças no Cairo. Mas o documento afirma que Tantawi "tem se oposto tanto às reformas econômicas quanto políticas, as quais ele percebe como uma erosão do poder do governo central".
FESTA NAS RUAS
O anúncio -- feito no 18º dia seguido de intensos e violentos protestos que tomaram diversas cidades do Egito-- foi recebido com gritos de comemoração, cantos e bandeiras sendo agitadas na praça Tahrir, centro do Cairo, que foi o epicentro dos protestos públicos contra o regime de Mubarak, que estava no poder desde 1981.
A renúncia ocorre menos de 24 horas depois de fortes rumores de sua saída imediata do poder. Na noite de quinta-feira, Mubarak discursou à nação e disse que passava parte de seu poder a Suleiman, mas permaneceria até setembro --quando estão previstas eleições presidenciais. O discurso de "fico" causou fúria nos manifestantes que marcharam em direção ao Palácio Presidencial aos gritos para que deixasse o poder.
Mais cedo, o porta-voz do partido de Mubarak havia confirmado que o mandatário e sua família viajaram para o balneário de Sharm el-Sheikh, no mar Vermelho. "Ele está em Sharm el-Sheikh", afirmou Mohammed Abdellah, do Partido Nacional Democrático.
Pouco antes, fontes ligadas ao governo informaram que Mubarak e a família haviam deixado o Cairo nesta sexta-feira, mas sem deixar claro qual era o destino.
Os violentos protestos registrados no Egito por mais de duas semanas registraram quase 300 mortes, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), além da morte de jornalistas e diversos ataques à imprensa.
Iniciadas no Cairo, as manifestações se espalharam por outras cidades, como Alexandria e Suez.
O Exército teve um papel crucial desde o início da crise, por vezes apoiando a população mas em algumas ocasiões também abrindo fogo contra os manifestantes. Fonte: Folha Online com Agências Internacionais
A afirmação foi feita em breve comunicado na emissora de TV estatal, horas depois de o vice-presidente do país, Omar Suleiman, ter anunciado a renúncia do ditador Hosni Mubarak, que ficou 30 anos no poder.
Na nota, a cúpula militar, que comandará a transição até realização de eleições, elogia ainda a saída de Mubarak, dizendo que a medida está de acordo com "os interesses do país". Os militares também saudaram os "mártires que perderam suas vidas" durante os violentos confrontos e protestos, que entraram hoje no 18º dia.
"Sabemos a extensão da gravidade e da seriedade desse assunto e as demandas do povo para iniciar mudanças radicais", dizia o texto. "O Conselho Supremo das Forças Armadas está estudando o tema para atingir as esperanças de nosso grande povo."
"O conselho irá soltar um comunicado detalhando os passos e procedimentos e diretivas que serão tomadas, confirmando ao mesmo tempo que não há nenhuma alternativa para a legitimidade aceitável pelo povo."
Na nota, o conselho também cumprimentou Mubarak "por tudo o que deu ao país em tempos de guerra e paz, e por seu patriotismo, priorizando os mais altos interesses da nação".
NOVO LÍDER
O ministro de Defesa do Egito, Mohamed Hussein Tantawi, deve ser o novo chefe de governo. Segundo a agência de notícias Reuters, que cita fontes militares, Tantawi é o chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, a quem Mubarak entregou a administração do país.
Ele fez um tour pela área do palácio presidencial que pertencia a Mubarak nesta sexta-feira, de acordo com a rede de TV Al Arabyia.
Anteriormente, o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, anunciou a saída do ditador e disse que o poder foi entregue às Forças Armadas. "O presidente Hosni Mubarak decidir renunciar como presidente do Egito", disse Suleiman, em um breve anúncio, acrescentando que a decisão foi tomada diante das "difíceis circunstâncias pelas quais o país passa".
Autoridades dos Estados Unidos veem Tantawi como um aliado empenhado em evitar uma nova guerra contra Israel, mas no passado o criticaram reservadamente por ser resistente a mudanças políticas e econômicas. Ele conversou por telefone em cinco ocasiões com o secretário americano de Defesa, Robert Gates, desde o início da crise, em 25 de janeiro. A última conversa ocorreu nesta quinta-feira à noite.
As relações com o Exército egípcio são tradicionais e importantes para Washington, que fornece cerca de US$ 1,3 bilhão por ano em ajuda militar ao país.
Fontes do Pentágono se mantêm mudas a respeito das discussões entre Tantawi e Gates, mas o secretário de Defesa tem feito elogios públicos aos militares egípcios por serem uma força estabilizadora em meio à crise. Na terça-feira, Gates disse que os militares do Egito haviam dado "uma contribuição à democracia".
Mas, reservadamente, autoridades dos EUA caracterizam Tantawi como alguém "relutante com mudanças" e desconfortável com a ênfase americana no combate ao terrorismo, segundo um documento de 2008 do Departamento de Estado, divulgado pelo site WikiLeaks.
Tantawi, 75, serviu em três conflitos contra Israel - na crise de Suez, em 1956, e nas guerras de 1967 e 73.
O comunicado interno do Departamento de Estado dizia que o comandante estava "comprometido em prevenir que outra [guerra] aconteça um dia".
Apesar disso, diplomatas alertaram, antes de uma visita dele a Washington em 2008, que as autoridades dos EUA deveriam se preparar para encontrar "um Tantawi envelhecido e resistente a mudanças".
"Charmoso e cortês, ele está, não obstante, preso a um paradigma militar pós-Camp David, que tem servido aos estreitos interesses da sua corte nas últimas três décadas", dizia o documento, referindo-se ao acordo de paz entre Egito e Israel, assinado em 1979 na residência de veraneio da Presidência americana.
Washington há muito tempo cobrava mudanças no Cairo. Mas o documento afirma que Tantawi "tem se oposto tanto às reformas econômicas quanto políticas, as quais ele percebe como uma erosão do poder do governo central".
FESTA NAS RUAS
O anúncio -- feito no 18º dia seguido de intensos e violentos protestos que tomaram diversas cidades do Egito-- foi recebido com gritos de comemoração, cantos e bandeiras sendo agitadas na praça Tahrir, centro do Cairo, que foi o epicentro dos protestos públicos contra o regime de Mubarak, que estava no poder desde 1981.
A renúncia ocorre menos de 24 horas depois de fortes rumores de sua saída imediata do poder. Na noite de quinta-feira, Mubarak discursou à nação e disse que passava parte de seu poder a Suleiman, mas permaneceria até setembro --quando estão previstas eleições presidenciais. O discurso de "fico" causou fúria nos manifestantes que marcharam em direção ao Palácio Presidencial aos gritos para que deixasse o poder.
Mais cedo, o porta-voz do partido de Mubarak havia confirmado que o mandatário e sua família viajaram para o balneário de Sharm el-Sheikh, no mar Vermelho. "Ele está em Sharm el-Sheikh", afirmou Mohammed Abdellah, do Partido Nacional Democrático.
Pouco antes, fontes ligadas ao governo informaram que Mubarak e a família haviam deixado o Cairo nesta sexta-feira, mas sem deixar claro qual era o destino.
Os violentos protestos registrados no Egito por mais de duas semanas registraram quase 300 mortes, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), além da morte de jornalistas e diversos ataques à imprensa.
Iniciadas no Cairo, as manifestações se espalharam por outras cidades, como Alexandria e Suez.
O Exército teve um papel crucial desde o início da crise, por vezes apoiando a população mas em algumas ocasiões também abrindo fogo contra os manifestantes. Fonte: Folha Online com Agências Internacionais
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