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sábado, 26 de setembro de 2009

Cerco à embaixada brasileira é "tortura", diz grupo hondurenho de direitos humanos

Um grupo hondurenho de direitos humanos denuncia que as condições sob as quais estão sendo mantidas as pessoas dentro da embaixada brasileira em Tegucigalpa poderiam ser classificadas como "tortura".

"Estão torturando o presidente (deposto, Zelaya) e todas as pessoas que estão dentro desta embaixada do Brasil desde que ele chegou", disse ao UOL Notícias Carmen Martinez, membro do Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação das Vítimas de Tortura.

"O que estão fazendo é submetê-los a todo tipo de tortura: tortura psicológica, tortura física, estão portando armas letais, armas que poderiam ser usadas em guerra, não em uma situação como a que estamos vivendo", acrescentou a psicóloga. "Por isso consideramos que estão violando claramente os direitos humanos, que estão fazendo tortura."


"O governo está fustigando as pessoas lá dentro porque não lhes dá comida, cortaram a água, a luz. Além de tudo, estão jogando gases tóxicos na embaixada. Ou seja, o que estão querendo fazer é debilitá-los psicologicamente, tirar sua força - esse é o objetivo da tortura - e então fazer com que se rendam", afirma Martinez. "A tortura mudou, as pessoas especialistas nisso mudaram a forma de praticá-la, fazendo de uma maneira aparentemente sutil ou permitida para que não deixe marcas, mas neles sim está deixando marcas: há dor e sofrimento psicológico, e já começam a ter reações físicas."

O grupo contra a tortura se manifestou na tarde de ontem (dia 25) diante de uma das barreiras policiais que cercam a região da embaixada brasileira. Diante dos militares que permanecem de pé em linha, fechando a rua, cerca de 25 pessoas carregavam cartazes acusando-os de "torturadores" e dizendo que ser um soldado de baixa patente não é justificativa para obedecer e reprimir.

Condições sanitárias precárias
Uma delegação de representantes de organismos internacionais, incluindo a Cruz Vermelha, visitou ontem a embaixada e constatou que houve feridos com o lançamento de gás tóxico e que as condições sanitárias são precárias.

"Houve lançamento de gás e depois várias pessoas se sentiram mal: garganta seca, dor de cabeça, desconforto gastrointestinal, sangramento, reações dermatológicas. Não podemos constatar que tipo de gás foi, porque é necessário exames laboratoriais, mas é certo que existe uma relação entre o gás e esses sintomas", afirmou o ministro da Saúde do governo Zelaya, Carlos Aguilar, na noite de ontem, após visitar a embaixada.

Segundo Aguilar, o estado de saúde da maioria do grupo já melhorou, mas uma pessoa diabética pode precisar de maiores cuidados.

O ministro do governo Zelaya também classificou o estado sanitário da embaixada como "preocupante". Ele afirmou que a quantidade de água potável disponível é muito restrita, o que provoca outro problema sanitário: a dificuldade em escoar os dejetos.

Além disso, continuou Aguilar, os cachorros que estão dentro da embaixada são treinados para cheirar a comida que chega para identificar se está ou não envenenada. Às vezes, os cachorros lambem a comida.

O chefe dos militares que cercam a embaixada, Jorge Cerrato, negou o uso de qualquer tipo de gás tóxico. "O que acontece lá dentro é que existe um grupo que faz a limpeza do local com equipamentos que têm motores movidos a gasolina. De qualquer forma, os médicos e os representantes dos direitos humanos vão poder entrar para averiguar o que está acontecendo." Fonte: Uol Notícas

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