Na primavera, 95 mil árvores deixam cair cerca de 100 toneladas de resíduos nas calçadas da cidade — a maior parte é recolhida pela população. Hábito faz bem à saúde e é sociável
Uma das cenas mais comuns e típicas das manhãs maringaenses – tão comum que muitas vezes passa despercebida – é a de pessoas varrendo calçadas. Nos períodos de primavera, quando ainda restam flores nos ipês, os manacás-da-serra estão em seu esplendor e os jacarandás-mimosos e as sibipirunas dominam a paisagem, formam-se grandes tapetes de flores nas calçadas. São bonitos, mas podem se tornar um problema e precisam ser retirados todos os dias.
Maringá tem aproximadamente 95 mil árvores plantadas nas ruas, que nessa época do ano deixam cair diariamente cerca de 100 toneladas de flores e folhas, das quais 60% são varridas e descartadas pelos maringaenses (Veja box). Se não forem retiradas, essas flores e folhas apodrecem, grudam nos calçados, geram mau cheiro e causam um péssimo visual para as frentes das casas.
“Faz 42 anos que varro essa calçada”, conta o aposentado Benedito Honorato, de 80 anos. “Antes eu varria as calçadas da vila em que morava”, brinca, afirmando que está varrendo desde que chegou em Maringá, em 1947, ano da emancipação política e administrativa do município: “Antes tinha poucas árvores, mas agora elas fazem parte de nossas vidas e essa é uma forma de nos relacionarmos com a arborização que faz a beleza da cidade”.
Árvore caindo
Morando há 42 anos na Rua Buenos Aires — “Quando mudei para cá a rua ainda nem existia” —, Benedito diz que viu as árvores crescerem e hoje, além de sujarem a calçada e a rua todos os dias, elas ainda racham o pavimento e os muros. “Acompanhei toda a vida dessa árvore. Agora ela chegou ao fim, está caindo”. Ele diz que até gosta de ter o compromisso diário de varrer a calçada, mas acha que a prefeitura é que deveria fazer esse serviço como retribuição ao imposto que paga.
Para o também aposentado Cícero Teixeira, morador na Rua Evaristo da Veiga, no Jardim Alvorada, limpar a calçada é um compromisso prazeroso. Aos 71 anos, o cearense pega a vassoura e a pá assim que termina o café da manhã e não tem pressa para terminar. “Sinto que estou fazendo um exercício físico, me movimento, e tem a vantagem de encontrar os amigos”.
É que as pessoas que estão passando param para bater um papo ou pelo menos fazem um comentário. “Se eu estivesse lá dentro, assistindo televisão ou deitado, perderia essa oportunidade de manter contato com o mundo”. A mulher, dona Odete, de 68 anos, era quem varria antes de Cícero se aposentar. Agora, ela costuma ajudar o marido.
Fertiliza a horta
Izidoro Garcia Quiva, de 72 anos, morador na Vila Esperança, cumpre o mesmo ritual, mas ao invés de deixar os saquinhos para o caminhão coletor de lixo, ele joga as flores de sibipirunas no quintal, para fertilizar a horta e o jardim.
A Rua Evaristo da Veiga, no Jardim Alvorada, oferece um visual raro. De um lado, as sibipirunas verdes com cobertura amarela; do outro, jacarandás-mimosos com flores azuis. De cada lado da rua, uma cor de tapete — bonito para quem vê, mas um castigo para quem tem que limpar todos os dias.
“Perco uma hora todos os dias retirando as flores que caem”, diz Ednéia Alves Pereira, de 28 anos. “Às vezes, tenho que limpar duas vezes ao dia”. Com uma escada, Ednéia varre inclusive o telhado da área, que também fica todo azul de jacarandá. Fonte: O Diário, reportagem de Luiz de Carvalho
Uma das cenas mais comuns e típicas das manhãs maringaenses – tão comum que muitas vezes passa despercebida – é a de pessoas varrendo calçadas. Nos períodos de primavera, quando ainda restam flores nos ipês, os manacás-da-serra estão em seu esplendor e os jacarandás-mimosos e as sibipirunas dominam a paisagem, formam-se grandes tapetes de flores nas calçadas. São bonitos, mas podem se tornar um problema e precisam ser retirados todos os dias.
Maringá tem aproximadamente 95 mil árvores plantadas nas ruas, que nessa época do ano deixam cair diariamente cerca de 100 toneladas de flores e folhas, das quais 60% são varridas e descartadas pelos maringaenses (Veja box). Se não forem retiradas, essas flores e folhas apodrecem, grudam nos calçados, geram mau cheiro e causam um péssimo visual para as frentes das casas.
“Faz 42 anos que varro essa calçada”, conta o aposentado Benedito Honorato, de 80 anos. “Antes eu varria as calçadas da vila em que morava”, brinca, afirmando que está varrendo desde que chegou em Maringá, em 1947, ano da emancipação política e administrativa do município: “Antes tinha poucas árvores, mas agora elas fazem parte de nossas vidas e essa é uma forma de nos relacionarmos com a arborização que faz a beleza da cidade”.
Árvore caindo
Morando há 42 anos na Rua Buenos Aires — “Quando mudei para cá a rua ainda nem existia” —, Benedito diz que viu as árvores crescerem e hoje, além de sujarem a calçada e a rua todos os dias, elas ainda racham o pavimento e os muros. “Acompanhei toda a vida dessa árvore. Agora ela chegou ao fim, está caindo”. Ele diz que até gosta de ter o compromisso diário de varrer a calçada, mas acha que a prefeitura é que deveria fazer esse serviço como retribuição ao imposto que paga.
Para o também aposentado Cícero Teixeira, morador na Rua Evaristo da Veiga, no Jardim Alvorada, limpar a calçada é um compromisso prazeroso. Aos 71 anos, o cearense pega a vassoura e a pá assim que termina o café da manhã e não tem pressa para terminar. “Sinto que estou fazendo um exercício físico, me movimento, e tem a vantagem de encontrar os amigos”.
É que as pessoas que estão passando param para bater um papo ou pelo menos fazem um comentário. “Se eu estivesse lá dentro, assistindo televisão ou deitado, perderia essa oportunidade de manter contato com o mundo”. A mulher, dona Odete, de 68 anos, era quem varria antes de Cícero se aposentar. Agora, ela costuma ajudar o marido.
Fertiliza a horta
Izidoro Garcia Quiva, de 72 anos, morador na Vila Esperança, cumpre o mesmo ritual, mas ao invés de deixar os saquinhos para o caminhão coletor de lixo, ele joga as flores de sibipirunas no quintal, para fertilizar a horta e o jardim.
A Rua Evaristo da Veiga, no Jardim Alvorada, oferece um visual raro. De um lado, as sibipirunas verdes com cobertura amarela; do outro, jacarandás-mimosos com flores azuis. De cada lado da rua, uma cor de tapete — bonito para quem vê, mas um castigo para quem tem que limpar todos os dias.
“Perco uma hora todos os dias retirando as flores que caem”, diz Ednéia Alves Pereira, de 28 anos. “Às vezes, tenho que limpar duas vezes ao dia”. Com uma escada, Ednéia varre inclusive o telhado da área, que também fica todo azul de jacarandá. Fonte: O Diário, reportagem de Luiz de Carvalho
Um comentário:
O seu blog é bastante interativo e tem um excelente cunho jornalistico. Onde informação é inteirada com a vida de devoção.
www.vivendoteologia.blogspot.com
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