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quarta-feira, 10 de março de 2010

Oposição acusa governo de barrar moção contra morte de cubano

A oposição acusou o governo federal nesta quarta-feira de impedir a votação de moção do Legislativo que lamenta a morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo após greve de fome. O texto também condena os atos de desrespeito aos direitos humanos praticados pelo regime de Cuba. Segundo a oposição, deputados governistas esvaziaram a reunião da Comissão de Relações Exteriores da Casa que votaria a moção para evitar desgastes sobre o tema --depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou ontem o uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para serem libertados da prisão.

"É lamentável que a base do governo se recuse a enxergar o flagrante desrespeito aos direitos humanos em Cuba. Não bastasse as declarações desastradas do presidente Lula, agora os deputados governistas também dão um demonstração de omissão com relação a situação em que vivem os dissidentes do regime cubano", disse o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

Sem quorum (número mínimo de deputados presentes na sessão), a comissão encerrou a reunião sem colocar a moção em pauta. Na moção, Jungmann afirma que "as autoridades cubanas vêm recorrendo a medidas violadoras dos padrões e das leis dos direitos humanos".

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), negou que a base governista tenha esvaziado a reunião para evitar que moção fosse votada. "O governo não orientou nenhuma posição. Sou líder do governo, apoio todas as declarações do presidente Lula. Mas não conversei com o presidente sobre esse assunto", afirmou.

Vacarezza disse que, se os deputados quiserem aprovar a moção, terão que reunir maioria na comissão. "O governo não é favorável a se imiscuir em políticas internas de nenhum país. Só tomamos posições diante de golpes de Estado", afirmou.

Em 23 de fevereiro, um dia antes de Lula visitar Cuba e se reunir com os irmãos Castro, Zapata Tamayo morreu após fazer greve de fome por 85 dias. Desde então, aumentaram as pressões internas e as críticas por parte de EUA, Europa e ONGs, pedindo respeito aos direitos humanos na ilha.

Para honrar a causa de Zapata e reivindicar a libertação de outros 26 presos de consciência doentes, outro dissidente, o jornalista Guillermo Fariñas, iniciou greve de fome que hoje completa 15 dias.

Declarações

Em entrevista à agência Associated Press, Lula pediu respeito às decisões da Justiça cubana e condenou o uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para serem libertados da prisão.

"Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade." Fonte: Folha Online, reportagem de GABRIELA GUERREIRO

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