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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Membros da Assembleia de Deus processam a própria igreja

Um fato considerado inédito na região Norte do Estado do Ceará. Integrantes da Igreja Evangélica Assembléia de Deus entraram com uma ação judicial contra a própria instituição. O fato, até um pouco inusitado, aconteceu na cidade serrana de Guaraciaba do Norte.

Tudo por conta de um templo religioso situado na Rua Padre Nelson Matos nº 49, Centro, que pertence à Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Guaraciaba do Norte e agora deverá ser entregue à Igreja Evangélica Assembléia de Deus Bela Vista, com sede na cidade de Fortaleza, Capital cearense.


A decisão de dar à Igreja Evangélica Assembléia de Deus Bela Vista o direito de reintegração de posse com reparação de danos foi concedida pela juíza da Comarca de Guaraciaba do Norte, Maria Valdileny Sombra Franklin. “Estamos aqui apenas para fazer cumprir o que foi decidido em juízo, o direito de receber as chaves do prédio”, destacou o advogado Jackson Alves Lima, da Igreja Bela Vista.

De acordo com o pastor Jorge Luís Pereira de Sousa, uma ação judicial foi movida pela igreja, com sede em Fortaleza, depois que o pastor João de Castro Neto foi impedido de pregar no templo em Guaraciaba do Norte. Inconformado, o pastor teria procurado apoio em outra ramificação da igreja, e com isso o direito de continuar pregando em Guaraciaba do Norte, no mesmo local de onde ele foi expulso.

A decisão de reintegração era para ter sido cumprida na manhã de segunda-feira, mas uma manifestação, promovida pelos fiéis e contrária à decisão, impediu a volta. “Estamos aqui para tentar rever a situação. Quem cometeu o pecado foi o pastor João de Castro Neto”, diziam os fiéis. “Quem ajudou a construir este prédio fomos nós, carregando água na cabeça e tijolo no lombo de um jumento, e agora chega a Justiça para tomar o que é nosso, isto não é justo”, disse aposentada e integrante da religião, Maria Dolores Martins, 82 anos.

A decisão da Justiça vai muito além da ação de desocupação do templo. Uma casa construída nos fundos do templo, onde morava o pastor João de Castro, também terá que ser desocupada. “Quem construiu isso aqui foi o meu pai, e com muito sacrifício, nunca pertenceu ao meu marido nem à igreja”, lamentava a esposa do pastor, Meire de Castro, que foi abandonada depois que seu marido deixou a igreja.

A ação impetrada pela Igreja Assembléia de Deus e julgada pela juíza de Guaraciaba do Norte aconteceu no dia 25 de março deste ano. Mas a briga na Justiça já se arrastava por mais de quatro anos. “Não houve acordo. O que houve foi uma decisão da Justiça, que contrariou todos os fiéis que agora não têm onde assistir aos cultos”, reclamava o pastor Jorge Luís Pereira de Sousa, que acompanhava os manifestantes no local.

Ficou acordado na Justiça que a autora da ação pagaria à promovida a importância de R$ 31 mil, como indenização pelas benfeitorias edificadas pela ré no imóvel sub judice em parcelas de R$ 1,5 mil.
Fonte: Diário do Nordeste

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