Dissidentes dos dois partidos são contrários a qualquer entendimento no estado
Publicado em 22/10/2009 Euclides Lucas Garcia e Kátia Chagas
A oficialização da aliança nacional entre PT e PMDB para a disputa da eleição presidencial de 2010 mexeu com os ânimos dos caciques locais e pode provocar reflexos na sucessão estadual. Apesar de os líderes dos dois partidos no Paraná sinalizarem um entendimento entre as legendas, alas dissidentes de ambos os lados são contrárias a qualquer entendimento. Diante do impasse, a formalização das alianças locais só deve sair no ano que vem, às vésperas das convenções partidárias.
Principal partido da base aliada do governo Lula, o PMDB vinha pressionando os petistas por uma definição desde o primeiro semestre. Depois de várias reuniões, o martelo foi batido na noite da última terça-feira, com as bênçãos do presidente Lula. Em nota oficial, o PT garantiu ao PMDB a vaga de vice-presidente na chapa encabeçada pela ministra Dilma Rousseff e a participação na coordenação da campanha e na elaboração do programa de governo. As duas legendas, no entanto, admitem que não será tarefa fácil reproduzir a aliança nos estados, entre eles o Paraná.
Peemedebistas pró-PSDB criticam acordo com petistas
PSDB afaga Osmar Dias
A possibilidade de uma aliança local entre PT e PMDB pode jogar o senador Osmar Dias (PDT) nos braços do PSDB do prefeito de Curitiba, Beto Richa, repetindo a aliança fechada nas eleições para governador (2006) e prefeitura curitibana (2008). Já cogitando um possível isolamento do pedetista no pleito do ano que vem, os tucanos voltaram a tratar o senador como aliado. No meio do fogo cruzado, Osmar Dias desconversa e afirma que as negociações com os partidos prosseguem sem alterações.
Ontem, o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, afirmou que é muito mais fácil a população aceitar um acordo de Osmar com Beto Richa do que com o PMDB do governador Roberto Requião. Segundo Rossoni, a aliança com o senador nunca foi descartada. A declaração, em tom de afago, ocorre após um distanciamento crescente entre Osmar Dias e Beto Richa, iniciado quando o prefeito também se declarou pré-candidato a governador.
Com o avanço das conversas do senador com o PT, o rompimento ficou ainda mais evidente, mas foi minimizado ontem pelo presidente do PSDB. De acordo com Rossoni, ainda é muito cedo para definições e tudo que foi acertado há 15 dias não está valendo mais. “Na medida em que o Osmar se distancia do PT, o vejo com mais simpatia”, declarou o parlamentar. Ontem, por coincidência ou não, o senador pedetista não seguiu a orientação governista no Congesso e assinou o requerimento de criação da CPI do MST (leia mais na página 20).
Osmar Dias, no entanto, defendeu que a aliança nacional entre petistas e peemedebistas não altera as conversas em desenvolvimento no Paraná. Segundo ele, PT, PMDB e PDT fazem parte da base aliada do governo Lula e, portanto, a tese de enfraquecimento da sua candidatura “é uma análise completamente absurda de quem está vivendo fora do contexto político nacional”. Revelando que mantém conversas diárias com todos os partidos, o senador foi evasivo ao comentar a possibilidade de não ser candidato dependendo dos futuros acordos. “Ninguém decide ser candidato por decisão pessoal nem desiste por decisão pessoal.”
Nas duas possibilidades que tem de aliança, Osmar Dias corre o risco de ficar sem espaço para disputar o governo do estado. Enquanto o PMDB já tem o vice-governador Orlando Pessuti como pré-candidato, o PSDB conta com os nomes de Richa e do senador Alvaro Dias. Nesse cenário, restaria a Osmar disputar a reeleição ao Senado. (ELG e KC)
PT dividido
O PT e o PMDB locais enfrentam conflitos internos entre correntes que não aceitam “se misturar”. Ontem, uma ala petista lançou um movimento, encabeçado pelo deputado estadual Tadeu Veneri e pelo professor Alfeu Capellari, em defesa da candidatura própria a governador e contra a política de alianças. Os dois, inclusive, se apresentaram como candidatos à presidência estadual do partido, na eleição marcada para o próximo dia 22. Na disputa, eles enfrentarão o secretário do Planejamento, Ênio Verri, que tem o apoio da atual presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, e do marido dela, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
A ala dissidente já coletou 88 assinaturas para um manifesto em que repudia as negociações da direção nacional, que estaria “rifando” as candidaturas a governador do PT nos estados – o documento ainda rechaça a aproximação com o senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato ao governo do estado. De acordo com o documento, “abrir mão da candidatura própria e apoiar Osmar Dias significa ajudar a eleger um conhecido representante dos latifundiários, banqueiros e industriais, os mesmos setores contrários à atualização dos índices de produtividade da terra e à redução da jornada de trabalho”.
Na opinião de Tadeu Veneri, o partido mantém conversas com várias legendas, mas não tem nem sequer um programa de governo para apresentar aos eleitores. “Para não ter candidatura própria, o PT negocia o quê e em nome de quem? Não sabemos.”
Em nome de um entendimento conjunto no âmbito local, Gleisi Hoffmann voltou a defender uma aliança que reproduza a base de apoio ao governo Lula, unindo PT, PMDB e PDT. “O ideal seria definirmos (as alianças) o mais rápido possível, mas isso não depende só da nossa vontade. Se não for definido até o fim do ano, acredito que avançaremos bastante até lá.”
Racha no PMDB
Do lado do PMDB, as divergências internas também vieram a público ontem na Assembleia Legislativa. O deputado peemedebista Dobrandino da Silva falou em nome de uma ala que condena as decisões tomadas pela “banda podre do PMDB” e defendeu um levante no Paraná para impedir qualquer aproximação com os petistas. “Ninguém do nosso partido quer coligar com o PT. Todos estão decepcionados com o governo Lula”, disse.
Por outro lado, o pré-candidato peemedebista à sucessão estadual, o vice-governador Orlando Pessuti, afirmou que o partido pode fazer “as mais diferentes alianças”, desde que sejam respeitadas as candidaturas dele próprio e do governador Roberto Requião ao Senado. Ao comentar a possibilidade de fechar uma aliança que inclua Osmar Dias, Pesssuti disse que, “desde que o PDT concorde com as candidaturas apresentadas, essa hipótese poderá ser levada adiante”. Fonte: Gazeta do Povo
Publicado em 22/10/2009 Euclides Lucas Garcia e Kátia Chagas
A oficialização da aliança nacional entre PT e PMDB para a disputa da eleição presidencial de 2010 mexeu com os ânimos dos caciques locais e pode provocar reflexos na sucessão estadual. Apesar de os líderes dos dois partidos no Paraná sinalizarem um entendimento entre as legendas, alas dissidentes de ambos os lados são contrárias a qualquer entendimento. Diante do impasse, a formalização das alianças locais só deve sair no ano que vem, às vésperas das convenções partidárias.
Principal partido da base aliada do governo Lula, o PMDB vinha pressionando os petistas por uma definição desde o primeiro semestre. Depois de várias reuniões, o martelo foi batido na noite da última terça-feira, com as bênçãos do presidente Lula. Em nota oficial, o PT garantiu ao PMDB a vaga de vice-presidente na chapa encabeçada pela ministra Dilma Rousseff e a participação na coordenação da campanha e na elaboração do programa de governo. As duas legendas, no entanto, admitem que não será tarefa fácil reproduzir a aliança nos estados, entre eles o Paraná.
Peemedebistas pró-PSDB criticam acordo com petistas
PSDB afaga Osmar Dias
A possibilidade de uma aliança local entre PT e PMDB pode jogar o senador Osmar Dias (PDT) nos braços do PSDB do prefeito de Curitiba, Beto Richa, repetindo a aliança fechada nas eleições para governador (2006) e prefeitura curitibana (2008). Já cogitando um possível isolamento do pedetista no pleito do ano que vem, os tucanos voltaram a tratar o senador como aliado. No meio do fogo cruzado, Osmar Dias desconversa e afirma que as negociações com os partidos prosseguem sem alterações.
Ontem, o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, afirmou que é muito mais fácil a população aceitar um acordo de Osmar com Beto Richa do que com o PMDB do governador Roberto Requião. Segundo Rossoni, a aliança com o senador nunca foi descartada. A declaração, em tom de afago, ocorre após um distanciamento crescente entre Osmar Dias e Beto Richa, iniciado quando o prefeito também se declarou pré-candidato a governador.
Com o avanço das conversas do senador com o PT, o rompimento ficou ainda mais evidente, mas foi minimizado ontem pelo presidente do PSDB. De acordo com Rossoni, ainda é muito cedo para definições e tudo que foi acertado há 15 dias não está valendo mais. “Na medida em que o Osmar se distancia do PT, o vejo com mais simpatia”, declarou o parlamentar. Ontem, por coincidência ou não, o senador pedetista não seguiu a orientação governista no Congesso e assinou o requerimento de criação da CPI do MST (leia mais na página 20).
Osmar Dias, no entanto, defendeu que a aliança nacional entre petistas e peemedebistas não altera as conversas em desenvolvimento no Paraná. Segundo ele, PT, PMDB e PDT fazem parte da base aliada do governo Lula e, portanto, a tese de enfraquecimento da sua candidatura “é uma análise completamente absurda de quem está vivendo fora do contexto político nacional”. Revelando que mantém conversas diárias com todos os partidos, o senador foi evasivo ao comentar a possibilidade de não ser candidato dependendo dos futuros acordos. “Ninguém decide ser candidato por decisão pessoal nem desiste por decisão pessoal.”
Nas duas possibilidades que tem de aliança, Osmar Dias corre o risco de ficar sem espaço para disputar o governo do estado. Enquanto o PMDB já tem o vice-governador Orlando Pessuti como pré-candidato, o PSDB conta com os nomes de Richa e do senador Alvaro Dias. Nesse cenário, restaria a Osmar disputar a reeleição ao Senado. (ELG e KC)
PT dividido
O PT e o PMDB locais enfrentam conflitos internos entre correntes que não aceitam “se misturar”. Ontem, uma ala petista lançou um movimento, encabeçado pelo deputado estadual Tadeu Veneri e pelo professor Alfeu Capellari, em defesa da candidatura própria a governador e contra a política de alianças. Os dois, inclusive, se apresentaram como candidatos à presidência estadual do partido, na eleição marcada para o próximo dia 22. Na disputa, eles enfrentarão o secretário do Planejamento, Ênio Verri, que tem o apoio da atual presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, e do marido dela, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
A ala dissidente já coletou 88 assinaturas para um manifesto em que repudia as negociações da direção nacional, que estaria “rifando” as candidaturas a governador do PT nos estados – o documento ainda rechaça a aproximação com o senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato ao governo do estado. De acordo com o documento, “abrir mão da candidatura própria e apoiar Osmar Dias significa ajudar a eleger um conhecido representante dos latifundiários, banqueiros e industriais, os mesmos setores contrários à atualização dos índices de produtividade da terra e à redução da jornada de trabalho”.
Na opinião de Tadeu Veneri, o partido mantém conversas com várias legendas, mas não tem nem sequer um programa de governo para apresentar aos eleitores. “Para não ter candidatura própria, o PT negocia o quê e em nome de quem? Não sabemos.”
Em nome de um entendimento conjunto no âmbito local, Gleisi Hoffmann voltou a defender uma aliança que reproduza a base de apoio ao governo Lula, unindo PT, PMDB e PDT. “O ideal seria definirmos (as alianças) o mais rápido possível, mas isso não depende só da nossa vontade. Se não for definido até o fim do ano, acredito que avançaremos bastante até lá.”
Racha no PMDB
Do lado do PMDB, as divergências internas também vieram a público ontem na Assembleia Legislativa. O deputado peemedebista Dobrandino da Silva falou em nome de uma ala que condena as decisões tomadas pela “banda podre do PMDB” e defendeu um levante no Paraná para impedir qualquer aproximação com os petistas. “Ninguém do nosso partido quer coligar com o PT. Todos estão decepcionados com o governo Lula”, disse.
Por outro lado, o pré-candidato peemedebista à sucessão estadual, o vice-governador Orlando Pessuti, afirmou que o partido pode fazer “as mais diferentes alianças”, desde que sejam respeitadas as candidaturas dele próprio e do governador Roberto Requião ao Senado. Ao comentar a possibilidade de fechar uma aliança que inclua Osmar Dias, Pesssuti disse que, “desde que o PDT concorde com as candidaturas apresentadas, essa hipótese poderá ser levada adiante”. Fonte: Gazeta do Povo
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