Eleito presidente da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas, Marcos Eberlin, do Instituto de Química da Unicamp, adota estratégias para tornar entidade mais atuante nos países fora do eixo Europa-EUA (Antônio Scarpinetti)
O brasileiro Marcos Eberlin, professor do Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é o novo presidente da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas (IMSS, na sigla em inglês)
Eleito na primeira semana de setembro, durante o 18º Congresso Internacional de Espectrometria de Massas, realizado em Bremen, na Alemanha, Eberlin já assumiu o cargo, cujo mandato é de três anos, renováveis por mais três. De acordo com ele, a principal missão de sua gestão consistirá em tornar a entidade mais atuante em todo o planeta.
“A IMSS é uma sociedade internacional, mas sempre esteve muito voltada para a Europa e para os Estados Unidos. Já atuei na sociedade como secretário e representante do Brasil e sempre procurei torná-la menos restrita a esse eixo. Ao eleger um brasileiro, a sociedade sinaliza sua preocupação em levar sua atuação para todo o mundo”, disse Eberlin à Agência FAPESP.
Ao assumir o cargo, Eberlin já iniciou ações estratégicas no sentido de disseminar o conhecimento da espectrometria de massas para o mundo todo, aumentando o raio de ação da sociedade. Uma das estratégias, já aprovada pelo conselho da sociedade, consiste em levar os congressos internacionais da IMSS para países fora do eixo Europa-EUA.
“O próximo congresso será em Quioto, no Japão, e o de 2012 será em Genebra, na Suíça. Mas, a partir daí, queremos trazer o evento – que reúne de três a quatro mil pessoas – para países como o Brasil, a Argentina, o México, a Austrália e a Rússia. A vinda para o Brasil em 2014 é quase certa”, disse Eberlin.
A IMSS, segundo Eberlin, reúne 45 sociedades nacionais de espectrometria de massas. A vinda da reunião internacional para o Brasil, de acordo com ele, seria o reconhecimento da importância atual do país no cenário científico.
“Será o reconhecimento simbólico de uma realidade visível: o Brasil já tem destaque no mapa mundial da ciência e da espectrometria de massas. E não há como ignorar que se faz pesquisa de primeiro nível no país”.
Segundo ele, uma evidência de que o país ganhou relevância na área, no cenário internacional, é a dimensão atual do 3º Congresso Brasileiro de Espectrometria de Massas , que será realizado de 12 a 15 de dezembro, em Campinas (SP).
“O congresso brasileiro, que reúne cerca de 800 participantes, é um dos cinco maiores do planeta, perdendo apenas para a o congresso internacional da IMSS, o dos Estados Unidos, o da China e o do Japão”, disse. Na produção científica em espectrometria de massas, segundo Eberlin, o Brasil também ocupa atualmente a quinta posição.
Outro procedimento já adotado por Eberlin para aumentar a presença da IMSS em todo o mundo foi a redução do intervalo entre as reuniões da sociedade de três para dois anos. “Aumentando a frequência, aumentamos também a possibilidade de realizar reuniões em países de outros continentes além da Europa e da América do Norte”, disse.
Eberlin também submeteu ao conselho da IMSS a idéia da criação de um prêmio pela qualidade do trabalho para pesquisadores que querem participar das conferências e não possuem recursos.
“Outra iniciativa que tomamos foi a criação, por meio da IMSS, de uma enciclopédia de espectrometria de massas a partir de uma plataforma na internet, com acesso gratuito em diversas línguas”, disse.
Segundo Eberlin, as enciclopédias de espectrometria de massas atualmente existentes têm preço proibitivo para os cientistas de países em desenvolvimento: cada volume é vendido a cerca de US$ 300.
“Para que o acesso seja global, vamos utilizar uma plataforma criada pela empresa brasileira XY2 para montar a enciclopédia, que terá tradução nas principais línguas do mundo e acesso gratuito a partir do site da sociedade”, explicou.
Segundo Eberlin, a espectrometria de massas é uma técnica de caracterização estrutural de substâncias que tem aplicações em praticamente todas as áreas da ciência. Por isso as sociedades nacionais são tão numerosas.
“Enquanto biólogos usam a técnica para caracterizar proteínas e examinar suas estruturas, os farmacêuticos a empregam para caracterizar drogas, os químicos para a análise de agrotóxicos ambientais e os físicos para analisar semicondutores ou para estudar a composição da atmosfera de um determinado planeta, por exemplo”, disse o cientista, que trabalha com técnicas de espectrometria de massas com ênfase em química, bioquímica, ciências médicas, farmacêuticas, de alimento, em novos materiais e proteoma.
Com toda sua formação feita na Unicamp – onde se graduou em Química em 1982, defendeu o mestrado em 1984 e o doutorado em 1988, Eberlin realizou seu pós-doutorado, entre 1989 e 1991, no Laboratório Aston de Espectrometria de Massas da Universidade de Purdue, em West Lafayette, no estado de Indiana, nos Estados Unidos.
Professor titular da Unicamp, onde leciona desde 1982, Eberlin é comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico (2005) e faz parte do conselho editorial dos periódicos Journal of Mass Spectrometry, Mass Spectrometry Reviews e The Analyst.
Fonte: Agência FAPESP, reportagem Fábio de Castro
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sábado, 10 de outubro de 2009
Espectrometria para o mundo
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