Participe da comunidade do meu Blog

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Destruição da PCE leva governo a reativar o Ahú

A centenária Prisão do Ahú: depois de readequações, especialmente no sistema de esgoto, presídio voltará a receber detentos Passo atrás - Foto:Márcio Machado

Presídio deixou de ser utilizado em agosto de 2006 e plano do governo é instalar Centro Judiciário no local; 408 presos serão transferidos

Além de deixar seis mortos, oito feridos e um conflito entre as se­­cre­tarias estaduais da Segurança Pública (Sesp) e da Justiça e da Cidadania (Seju), a rebelião ocorrida na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na quinta-feira da semana passada, resultou na reativação do antigo presídio do Ahú, em Curitiba, que não era usado desde 31 de agosto de 2006. Segundo o governo do estado, 408 presos de me­­nor perigo devem ser transferidos para a unidade entre hoje e amanhã.

A indefinição sobre a data se deve à necessidade de readequações estruturais, especialmente no sistema de esgoto. Depar­tamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen-PR) e Seju, no entanto, garantem a segurança do já centenário estabelecimento, inaugurado em 1909 e com capacidade para 750 detentos. O plano do governo do estado é instalar no local o Centro Judi­ciário, que irá abrigar as varas de primeiras instância da Justiça em Curitiba.

“A Penitenciária Central está completamente destruída. Por isso pensou-se no Ahú para colocar 408 presos temporários. Ela necessita apenas de reparos estruturais, sanáveis de imediato”, afirma Jair Ramos Braga, secretário de Estado da Justiça e da Cidadania. Outros 200 detentos devem ser levados à Peni­tenciária Estadual de Piraquara e ao Centro de Detenção e Ressocia­lização de Piraquara. O tempo de permanência nos novos locais não está definido, mas deve variar de dois a três meses. “Estamos colocando as portas nas galerias. Essa reforma deve ser concluída entre 60 e 90 dias”, diz Cezinando Paredes, coordenador-geral do Depen-PR.


Para o uso do Presídio do Ahú, são necessários pelo menos 180 agentes penitenciários e 30 funcionários para serviços gerais. A solução encontrada pelo secretário é o remanejamento de servidores do interior do estado e da capital. Além da situação excepcional, a transferência se torna uma questão de segurança para alguns presos. “Entendo que ninguém goste de ter uma penitenciária como vizinha. Mas se trata de uma situação de emergência para restabelecer a ordem na PCE e garantir a segurança desses detentos”, diz Ramos Braga. “Caso contrário, se ficarem juntos com os outros, serão mortos”, acrescenta.

Reconstrução

A reconstrução da PCE segue em andamento. Até o momento não há estimativa para que o estabelecimento fique em condições de abrigar os 1,5 mil detentos que estavam na unidade na semana passada, nem previsões quanto ao custo da reforma. “Estamos fazendo inúmeros levantamentos, mas sempre aparecem novas situações”, esclarece Cezinando Paredes. No início da noite de ontem, cerca de 200 detentos foram encaminhados para uma das galerias. Outras 13 ainda seguem sem liberação.

Na operação “pente-fino” são observados todos os cubículos. “Há o trabalho de solda, para recolocação das portas nas galerias. É preciso observar os buracos cavados durante a rebelião, que são fechados com tijolos e concreto. Também tiramos to­­dos os ferros contorcidos, que podem se transformar em ar­­mas”, afirma Paredes. Neste primeiro momento, os presos de­­vem permanecer com livre trânsito nas galerias, pois a intenção do Depen e da Seju é tirá-los do pátio interno o mais breve possível. Apenas mais tarde serão instaladas as novas portas das celas. “São 480 portas para refazer. Esse é um trabalho que não acaba da noite para o dia”, diz Ra­­mos Braga.

Identificação

A sexta vítima e terceira identificada do motim da última semana é Carlos Alexandre Caetano, de 30 anos. Caetano foi um dos oito feridos da rebelião e acabou morrendo no hospital. No fim de semana, outras duas pessoas foram reconhecidas no Instituto Médico Legal: Orlando Quarta­rolli e Ale­xandre Carlos Simões. Dos cinco que morreram na semana passada, três foram encontrados carbonizados, situação que dificulta a identificação e pode exigir exames específicos, como de DNA ou de arcada dentária.

Apenas na madrugada de sexta-feira para sábado, primeira noite após o fim da rebelião, a Polícia Militar encontrou 300 armas artesanais na PCE. Ne­­nhum aparelho celular ou droga foram achados, segundo a Sesp. Extenso, o trabalho não tem data para ser concluído: a PCE tem 27 mil metros quadrados e 14 galerias que precisam passar por revista. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Vinicius Boreki

Nenhum comentário: