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sábado, 30 de janeiro de 2010

Número de armas registradas é três vezes maior que o das recolhidas pela polícia

Durante todo o ano passado, foram recadastradas4.569 armas em Londrina, contra 1.468 entregues na campanha do desarmamento

A quantidade de armas registradas maior que o número de equipamentos entregues à polícia durante todo o ano passado, revela a vontade do londrinense em estar armado dentro da própria casa. Foram 4.569 armas regularizadas entre janeiro e dezembro, enquanto 1.468 foram entregues no mesmo período. Em todo o Brasil, foram mais de 4 milhões de armas recadastradas.

De acordo com dados da Polícia Federal (PF), o mês em que houve mais registros de armas foi dezembro, quando a campanha de cadastro se encerrou: ao todo, foram recadastradas 984. Em seguida foi o mês de outubro (712). Os números por mês são os seguintes: janeiro (6), fevereiro (309), março (391), abril (523), maio (271), junho (183), julho (74), agosto (636), setembro (495) e novembro (294).

Já o número de armas entregues à polícia, em que o cidadão recebe um valor de R$ 100 a R$ 300 por equipamento, ficou bem abaixo das que foram registradas. Ao todo, 1.468: janeiro (39), fevereiro (363), março (16), abril (1), maio (3), junho (1), julho (382), agosto (5), setembro (2), outubro (257), novembro (203) e dezembro (196). De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), índice revela a vontade das pessoas em manter uma arma em casa.

“Eu sou favorável a ter uma arma em casa, desde que você saiba usar. Mas considero uma loucura não saber usá-la”, disse o delegado da PF em Londrina, Evaristo Kuceki. De acordo com ele, esse tipo de situação acaba expondo as pessoas que moram na residência, principalmente crianças, ao risco de algum acidente.

Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Cláudio Espiga, manter uma arma em casa é “perigoso”. “É algo de foro íntimo. Eu não recomendo. Se acontecer um acidente, a pessoa tem de ser responsabilizada por isso. Quem tem criança, adolescente ou alguém com depressão em casa, tem de pensar muito antes de manter uma arma”, avaliou Espiga.

Proteção

Proteger-se contra um eventual assalto é um dos argumentos principais utilizados por pessoas que mantém uma arma consigo. Entretanto, o tiro pode sair pela culatra. “A pessoa que tem arma, raramente consegue se defender de um crime, porque o bandido não avisa quando vai assaltar. Mais cedo ou mais tarde, mais um bandido poderá ser armado”, analisou o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Sérgio Barroso.

Barroso é contra a posse de arma. “Ninguém tem tempo de buscar a arma [quando é assaltado] porque normalmente ela está em uma gaveta chaveada, no alto de um armário, enfim, em um lugar de difícil acesso. Num momento de necessidade, não haverá tempo”, disse. Para ele, o risco de acidentes é maior que a possibilidade de proteção. “Não são raras as vezes em que a arma é motivo de acidentes domésticos, quando crianças e adolescentes curiosos têm acesso e acabam matando algum colega.”

Cláudio Espiga comparou a posse de arma com a profissão do médico. “Daqui a pouco vão querer ter um bisturi em casa para fazer alguma cirurgia de emergência. Não é assim. Segurança é com a polícia e saúde é com o médico. Quem tem que fazer segurança, assim como a cirurgia, é o homem treinado para isso”, exemplificou.

Posse de arma é diferente de porte

Ter uma arma é diferente de levá-la para qualquer local. A posse do equipamento não dá direito ao porte. “A lei permite que a pessoa tenha uma arma regularizada em casa, mas ela não pode transitar com a arma. Só pode manter em casa ou no local do trabalho”, explicou o delegado da Polícia Federal, Evaristo Kuceki.

De acordo com ele, para poder transitar com a arma de um local ao outro, em caso de mudança, por exemplo, é preciso retirar uma autorização provisória, na Delegacia da PF ou pela internet. “Nesse caso a arma tem que estar documentada, deve ser embalada e não pode estar alimentada (carregada)”, disse.

Caso a pessoa não queira mais manter a arma em casa, ainda há a possibilidade de entregá-la à PF, na campanha do desarmamento. “Se a pessoa tem uma arma e não conseguiu registrar, ela não pode mais fazer isso. A arma pode ser entregue na campanha do desarmamento e a pessoa recebe de R$ 100 a R$ 300”, afirmou. A campanha é realizada desde 2004.

Em 2005, o governo federal realizou um referendo popular para saber a opinião da população sobre o comércio legal de armas de fogo e munições. Na ocasião, 63,94% das pessoas que votaram, ou aproximadamente 60 milhões de brasileiros, disseram sim à venda de armas. “Talvez as pessoas tinham algum interesse em comprar armas”, disse Kuceki. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Fábio Luporini

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