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domingo, 31 de maio de 2009

A consciência cristã é mais ecológica - Por Luciano Brito

Seria trabalho das igrejas cristãs estimular uma maior consciência ecológica em seus membros?
Parece absurdo que alguém responda a esta pergunta negando ser este também o papel da igreja, contudo nem todos aqueles que se dizem discípulos de Cristo estão lutando para que haja uma maior consciência cristã na comunidade em que estão inseridos.
Se o cristianismo deve promover a vida, se a ecologia cuida dos processos ambientais que envolvem a vida, se o homem neste plano não vive sem o meio ambiente, todo cristão deveria concluir que ter uma consciência cristã é sim ter uma consciência ecológica.

Ah, seria tão bom se essa fosse a convicção de todos os cristãos, mas para a nossa tristeza não o é.

A atual crise ecológica e os impactos que o modo de vida dos cristãos tem sobre ela deveria nos incomodar a ponto de nos convencer da necessidade urgente de se repensar o nosso trabalho em nossas igrejas para que haja uma consciência mais cristã que redundará numa consciência mais ecológica.

Claro que para que isto ocorra será necessário também relacionar a atual crise ecológica com a construção de uma teologia cristã.

A maior dificuldade que presenciamos em nossas igrejas, pelo menos na minha e em algumas que conheço é o dualismo: “espiritual” e “não espiritual”.

Não difícil em nossa prática ministerial encontrarmos “cristãos” e “cristãs” que acreditam que determinados assuntos não são de interesse da igreja ou da teologia por serem temas “mundanos” muitas vezes tomando por base texto bíblicos isolados que subsidiam uma visão de Cristo e da Igreja distante de alguns temas, como a ecologia, por exemplo.

Já foi pior, mas, graças a Deus, hoje várias denominações estão pautando em suas revistas de escolas dominicais, pelo menos CPAD, temas relacionados à ética e mordomia... Também encontramos vários cursos teológicos que procuram despertar a consciência cristã mais ligada à criação, inclusive, terrestre.

Contudo, o cristianismo tem uma fundamentação bíblica pautada pelos evangelhos e neles encontramos claramente um respeito pela VIDA falar em consciência ecológica é uma questão de sobrevivência do ser humano, portanto a despeito de visões escatológicas que uma ou outra denominação possa adotar, não deveríamos ter dificuldade em dar um bom testemunho do Cristo a que servimos no presente tendo cuidado do meio ambiente.

Julgo também que podemos nos sentir tentamos em culpar os não cristãos pela crise ecológica atual tomando por base o simples fato de que a revolução industrial ocorreu na Europa e que a maioria dos países industrializados são países da Europa e América do Norte, mas que quantitativamente à China e outros países de maioria não cristã poderiam poluir igual ou até mais.

Portanto, não se trata de negarmos ou afirmarmos que o cristianismo é a causa fundamental para a crise ecológica como alguns afirmam, mas de reconhcermos que as pessoas cristãs que juntas formam as instituições humanas (igrejas, escolas,etc) e que ao longo de sua história construíram uma teologia cristã pautadas na dicotomia "espiritual" x "não espiritual" tem uma parcela de contribuição e são em parte responsáveis pela crise ecológica.

Se o mundo ocidental onde os dados mostram ser maioria cristã (católicos, tradicionais, pentecostais, etc) fosse mais zeloso no cuidado da criação e se levantassem como profetas, saíssem das quatro paredes e exercessem sua posição de liderança para influenciar nas políticas públicas, nos conselhos municipais, estaduais e federais, no legislativo, executivo e se pressionassem os seus governos a assinarem os tratados internacionais (p.ex EUA que se recusa a assiná-los) para redução da poluição, poderíamos não zerar os problemas, mas seríamos testemunhas mais relevantes de Cristo.

Da mesma maneira que não devemos “espiritualizar” tudo creio que não devemos também esquecer a dimensão espiritual, a sua origem esta ligada ao pecado. Os problemas ecológicos existentes são em parte frutos de um modo de vida consumista, alienado e irresponsável de conviver com a natureza e o ser humano, se vivêssemos o evangelho de Jesus Cristo, não teríamos a magnitude dos problemas ecológicos atuais e seríamos não apenas “luz”, mas estaríamos assumindo a nossa posição de “sal” além de estarmos glorificando o nome do nosso Senhor.

Eu preciso e quero melhorar! Nós precisamos melhorar! Minha motivação para isso não advém das criticas do mundo, mesmo que elas tenham fundamento e me estimulem, mas do chamado de Jesus em Mateus 5.16 “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

Parte da impressa através da publicidade me incentivará a destruir a Terra e o meu semelhante, mas não quero ser influenciado por ela, ainda que seja difícil, quero estar sensível aos ensinos de Jesus e rejeitar os seus apelos.

Eu preciso melhorar! Deus conta com isso, posso separar o meu lixo para a coleta seletiva, posso economizar mais água, posso ver “o meu próximo” e compadecer-me de suas crise.

Glorifico a Deus por que nesta semana em que se debatem os problemas do meio ambiente muitos cristãos estarão decidindo sarar a terra e que a teologia boa estará sendo construída a despeito de conformismos institucionais.

Em nossos contextos podemos influenciar no poder do Espírito Santo para que aja em nossa comunidade pessoas conscientes de suas responsabilidades ecológicas.

“Não danifiqueis nem a terra, nem o mar nem as árvores…” Apocalipse 7.3

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