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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Acaba a rebelião na PCE; número de mortos ainda não foi confirmado

Presos se entregaram durante a tarde depois de 18 horas de rebelião. Cerca de 1,5 mil detentos estão na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara - Foto: Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Motim começou na noite de quinta-feira com um confronto entre presos de diferentes galerias da penitenciária

Depois de mais de 18 horas de rebelião na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba (RMC), os presos se entregaram. Detentos e policiais militares entraram em um acordo por volta da 15h30. O número de pessoas mortas durante o motim não foi confirmado pelas autoridades. De acordo com a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp-PR), os presos se renderam em grupos de 30 pessoas. Eles estão distribuídos em quatro pátios da penitenciária. Os dois agentes penitenciários que ainda eram mantidos reféns já foram libertados e passam bem. Equipes da Companhia de Choque estão avaliando os estragos e devem contabilizar as vítimas.

A revolta, iniciada na noite de quinta-feira (14), pode ter deixado sete pessoas mortas, de acordo com detentos da PCE que entraram em contato com familiares que estão em frente à penitenciária. O governador Roberto Requião (PMDB) informou no início da madrugada, por meio do microblog twitter, que três presos estariam mortos na rebelião. Também via twitter, o governador disse, às 15h30 que a rebelião havia acabado. As possíveis vítimas fatais seriam detentos que, no linguajar do presídio, estariam “no seguro”, isto é, ameaçados de morte e, por isso, isolados. Por volta das 16h, uma viatura do Instituto Médico Legal (IML) se encontrava no local.

Por volta das 10h30, um dos agentes penitenciários que era mantido refém, identificado como Antônio Alves, foi libertado pelos presos. No mesmo horário, oito detentos feridos foram retirados da PCE em uma ambulância, segundo a secretária da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Isabel Kugler Mendes.

Negociações

As primeiras negociações começaram por volta das 9h30, depois da chegada do juiz corregedor Márcio Tokars. A conversa entre presos e autoridade durou cerca de uma hora. O diálogo, retomado novamente às 13h, foi coordenado pela PM. Além dos representantes da OAB e do juiz corregedor, também estiveram na PCE o secretário da Justiça do Paraná, Jair Braga, e o coordenador do Departamento Penitenciário (Depen), Cezinando Paredes.

Os presos informaram que querem melhoria na comida, no serviço de atendimento psicológico e mais tempo para o banho de sol. Alguns detentos solicitam transferência para outras regiões do estado e também para fora do Paraná. Eles ainda pedem que, depois que se entregarem, não haja represália por parte da polícia.

Durante a tarde, segundo a Sesp, os presos receberam a confirmação de que alguns deles, que são de outros estados, serão transferidos para penitenciárias mais próximas de onde moram os familiares.

O motim teria começado quando presos das galerias 7, 8 e 10, entraram em confronto e fizeram reféns. O Comando Geral da PM confirmou que existe a suspeita que houve facilitação da entrada de armas brancas na penitenciária.

Retirada da Polícia Militar

A ação dos presidiários acontece na mesma semana em que, por ordem da Secretaria da Segurança, foram retirados os 48 policiais militares que faziam a guarda armada do local, em apoio aos agentes. Dezesseis trabalhavam em cada turno do dia. Os PMs atuavam dentro da PCE desde o ano 2001, data da última rebelião que aconteceu no local. “O secretário da Justiça informou à Secretaria de Segurança que não havia condição de ficar sem a polícia no local, mas não houve resposta da Sesp”, conta Isabel.

O comandante-geral da PM, coronel Rodrigo Larson Carstens, afirmou que os policiais estavam ociosos na PCE. "Eles foram transferidos para fazer o policiamento de rua, protegendo a população", declarou o oficial à Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial do governo.

O perigo de rebelião já havia sido alertado pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, quando soube da saída dos PMs. O presidente do sindicato, Clayton Agostino Auwertzr avisou, em ofício, a OAB. O presidente da OAB-PR, Lucio Glomb, que tomou posse no dia 1.º de janeiro, teria conversado com Cezinando Paredes a respeito da falta de segurança e uma comissão da OAB teria agendado para esta sexta-feira uma visita à PCE.

Sem os PMs, ficam apenas no máximo 30 agentes penitenciários fazendo a segurança de cerca de 1,5 mil presos em 13 galerias que compõem o complexo de 40 mil metros quadrados de área construída. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Adriano Pereira

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