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sábado, 9 de janeiro de 2010

Pai insatisfeito com aprovação do filho por conselho formaliza denúncia no NRE

Claudemiro Nobre foi até o Núcleo Regional de Ensino e ouviu de servidores explicações sobre o conselho de classe

Claudemiro Nobre formalizou, nesta sexta-feira (8), sua insatisfação com a aprovação dos filhos, mesmo com notas baixas, no ensino médio de uma escola da rede estadual do Paraná. O pai foi até o Núcleo Regional de Ensino (NRE) de Londrina e pediu a mudança na legislação dos conselhos de classe. Nesta semana, a TV Coroados mostrou a revolta dele depois que os filhos apresentaram notas baixas durante todo o ano letivo da rede estadual, mas foram aprovados pelo conselho de classe.

A notícia repercutiu por todo o estado. Inúmeros e-mails e comentários de professores, pais e até alunos relatando histórias semelhantes chegaram até a redação do Jornal de Londrina. As mensagens alegam, em sua maioria, que existe pressão da Secretaria Estadual de Educação (Seed) para aprovação do maior número possível de alunos. A secretária de Educação, Yvelise Arco-Verde, nega que haja tal determinação.

Na ouvidoria do Núcleo, uma servidora explicou o funcionamento do conselho. “Através do conselho de classe, vai se sabendo e se interagindo com outros professores e com a equipe pedagógica, que também traz aquilo que a família vem conversar na escola, passam aos professores para eles terem conhecimento e poderem ter um olhar diferenciado sobre o aluno”, disse a servidora, em reportagem veiculada no ParanáTV 1ª Edição.

A chefe do NRE, Márcia Lopes, disse que o aluno não é somente avaliado pelas notas do boletim. “Tem o rendimento, as faltas, o desempenho do aluno, o que ele foi avançando, as diversas avaliações que foram propostas”, afirmou. Apesar das explicações, Claudemiro Nobre considera confusa a legislação e pede mudanças. “Não estou pedindo que reprovem meu filho. Eu quero que mudem essa legislação e façam valer as notas que eles tiraram durante o ano”, afirmou.

O apelo vale para qualquer família que esteja insatisfeita com o conselho de classe e com outras situações dentro da escola. A orientação é procurar a direção do colégio e, em casos mais graves, oficializar a denúncia nos Núcleos Regionais do Paraná. “Nosso filhos não estão sendo educados, mas empurrados para os anos seguintes sem a menor avaliação”, desabafou.

Depoimento

Um puxão de orelhas depois que vários de seus alunos apresentaram nota abaixo da média e a pressão para que fossem recuperadas de qualquer forma foi um dos primeiros choques de uma professora com a profissão. Trabalhando há poucos anos na rede estadual de educação do Paraná, ela relatou que o “empurrãozinho” para que alunos não reprovem é comum e motivo para desapontamento dela e também razão para que alunos não tenham nenhum compromisso com a escola.

A professora que conversou com o JL por telefone ainda narrou estratégias que ocorrem nos bastidores das escolas para evitar que alunos reprovem. Segundo ela, é comum que professores anotem notas e o controle de presença a lápis para futuras modificações. “Muitos mudam a nota de acordo com a pressão ou para dar uma ajudinha no final de ano. Eu mesmo mudei as minhas notas no segundo bimestre depois que me chamaram a atenção no primeiro bimestre”, contou.

Esse comportamento dos professores, conta ela, reflete nos alunos. “Eles não tem mais nenhum comprometimento com as aulas. Não fazem provas, não entregam trabalhos e, quando a aula é de noite, ninguém aparece por causa do futebol na televisão. Na sexta-feira nem tem aula, porque todo mundo vai pra balada”, conta. Para a professora, o motivo é o simples fato da certeza de aprovação no final de ano. “Tem que se esforçar muito para reprovar hoje em dia”, ironiza. “O amor pela missão de educar vai acabando aos poucos e a gente acaba só indo mesmo porque tem contas para pagar no final do mês. Hoje não existe nenhuma recompensa em ser professor”, lamentou. Fonte: Gazeta do Povo

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