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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apagão foi provocado por raios, chuva e vento fortes, diz Lobão

Segundo ministro, problema ocorreu na estação de Itaberá, em São Paulo. Blecaute afetou 18 estados entre a noite de terça e a manhã desta quarta

O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta quarta-feira (11) que o apagão que afetou 18 estados entre a noite de terça-feira (10) e a manhã desta quarta (11) foi consequência de raios, ventos e chuva na região de Itaberá, em São Paulo.

“Tanto o operador, como Furnas, como todos chegaram à conclusão de que o que aconteceu foram descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes na região de Itaberá, em São Paulo, o que provocou um curto circuito em três circuitos que levam as linhas de transmissão de Itaipu para Itaberá”, explicou.

"O próprio Instituto Nacional de Meteorologia nos informou que houve uma concentração muito grande desses fonômenos naquela região. O que aconteceu, segundo todas essas avaliações, foi exatamente isso”, acrescentou o ministro.

Antes do começo da entrevista coletiva na sede do Operador Nacional do Sistema (ONS), em Brasília, Lobão participou de reunião emergencial do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que durou mais de duas horas. O ministro preside o comitê, que também tem como membros representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Empresa de Pesquisa de Energética (EPE), do ONS, além de concessionárias do setor.

O ministro negou que faltem investimentos na área de energia. “Se há um governo que investiu na área é esse. Foram investidos cerca de R$ 22 bilhões apenas em linhas de transmissões e R$ 8 bilhões em transformadores”, detalhou.

Ele também defendeu o sistema de transmissão de energia no Brasil e anunciou que comissões serão constituídas para verificar o que pode ser feito para evitar novos curtos circuitos. “Nosso sistema é, portanto, considerado muito robusto e resistente, em certos momentos nem ele resiste. Porém, estamos tomando através de todos os órgãos, estamos constituindo comissões para verificar todas as questões e avaliar o que pode ser feito para o futuro”, disse.

"Houve um acidente, houve. Uma das máquinas perfeitas que o homem fez é o avião, mas o avião também cai", comparou. "O sistema suporta muito mais impacto do que em um passado recente. Não há nada mais avançado no mundo do que o que fazemos no Brasil. O contrário, muitos países copiam o que fazemos aqui", destacou.

Perguntado se esse foi o maior apagão da história brasileira, Lobão disse que não. Segundo ele, em 1999, houve um blecaute que atingiu 70% do país e, em 2002, um apagão que atingiu 60% do Brasil. A queda de energia que ocorreu ontem, segundo ele, atingiu apenas cerca da metade da distribuição energética brasileira.

Edison Lobão explicou ainda que para se evitar apagões é necessário investir no fortalecimento do sistema energético, o que, segundo ele, tem sido feito pelo governo. "Há o que fazer fortalecendo o sistema. O sistema está fortalecido. Nós temos três circuitos. Não um, nem dois, mas três. Caindo um, o sistema suportaria. Caindo dois, também suportaria, mas caíram três”, diss Lobão. “Esse foi um episódio que Deus queira que nunca volte a acontecer.”

Comparativos de apagões

O ministro Edison Lobão apresentou dados comparativos do apagão brasileiro com outros ocorridos em países desenvolvidos. Segundo ele, em 2003, um apagão que atingiu o Leste dos Estados Unidos e Canadá atingiu mais de 50 milhões de pessoas por quatro dias. No mesmo ano, parte da Itália ficou 24 horas sem luz, disse.

"Lei de Murphy"

O diretor-geral da Usina Hidrelétrica de Itaipu, Jorge Samek, disse que foi a "Lei de Murphy". Dos 1 mil quilômetros de rede, em apenas seis quilômetros as cinco linhas de transmissão andam juntas. "E foi bem nesse trecho que caiu o raio." Ele acredita que a solução para evitar que o apagão se repita é depender menos de Itaipu. Especialistas ouvidos pelo Grupo Estado também apontaram a "fragilidade" do sistema interligado.

Propagação do defeito

De acordo com Luiz Eduardo Barata, diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), apesar da extensão do apagão, os sistemas de proteção funcionaram adequadamente, impedindo que o defeito se propagasse pelo sistema, o que poderia causar danos maiores. "O grande prejuízo que se teve foi a interrupção no suprimento de energia para o consumidor, mas do ponto de vista de prejuízos materiais não existe nada, porque houve proteção devida e correta dos circuitos", disse.

Oficialmente, o ONS, órgão que administra a rede nacional de energia, disse que "uma perturbação de grande porte" teria provocado a interrupção parcial do suprimento de energia nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste equivalente a 28.800 megawatts médios (MW) ou mais de 40% da demanda de energia do País, que é de 55 mil MW médios - o megawatt médio é a unidade de medição da energia consumida.

Segundo técnicos do órgão, o tamanho da pane foi três vezes maior do que o que é normalmente registrado quando o sistema apresenta falhas. Em nota oficial, o ONS sustentou que o problema atingiu apenas três linhas de transmissão e sistemas de proteção foram ativados, "evitando que outras regiões do Brasil fossem afetadas".

Barata ressaltou que os mecanismos de proteção foram montados para cortar a transmissão de energia quando um problema como o ocorrido ontem acontece. "A dificuldade ocorreu em São Paulo, em Itaberá, e evitou-se a propagação para o sistema no Sul e Nordeste.

Prejuízos

O diretor da Aneel, Nelson Hubner, afirmou que todos os brasileiros que tiveram equipamentos danificados por causa da queda brusca de energia têm o direito de pedir o ressarcimento juntos à operadoras de energia elétrica. Lobão acrescentou que a responsablidade por eventuais reparações dos danos aos consumidores é da distribuidora. Fonte:G1, Agência Estado

2 comentários:

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